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O lançamento de Filhos da Esperança, uma das estréias nos cinemas brasileiros nesta semana, comprova a versatilidade do mexicano Alfonso Cuarón. O diretor começou a ficar conhecido mundialmente com o sucesso do elogiado E Sua Mãe Também (2001), realizado no México, mas tem também alguns serviços prestados a Hollywood, onde realizou um infantil (A Pequena Princesa, 1995), um drama (Grandes Esperanças, 1998) e uma aventura (Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, 2004). Cuarón muda novamente de rumo e investe agora em um filme de ficção científica, apresentando uma história que se passa em um futuro não muito distante.

O ano é 2027. As mulheres do planeta não são mais fertéis, perdendo a capacidade de gerar crianças, o que ameaça a continuidade da raça humana. A desesperança no futuro faz com que o caos impere em todos os países do mundo, à exceção de uma Inglaterra comandada por um governo totalitário, que expulsa os imigrantes que tentam entrar no país, mandando-os para campos de concentração. O reino britânico ainda enfrenta a resistência de grupos rebeldes, liderados por ex-ativistas políticos. A pessoa mais jovem da Terra, um argentino de 18 anos, acaba de ser assassinado, causando comoção mundial. Esse cenário tenebroso está no livro Children of Men (ainda não publicado no Brasil), da escritora britânica P. D. James (mais conhecida por seus romances policiais, como O Farol), no qual o roteiro do Timothy J. Sexton e do próprio Cuarón é baseado.

O personagem principal do filme é Theo (Clive Owen), ex-ativista que virou burocrata após a morte do filho e a conseqüente separação da mulher Julian (Julianne Moore). Depois de 20 anos sem dar notícias, Julian reaparece como líder terrorista e propõe uma perigosa missão ao ex-marido: levar a jovem Kee (Clare-Hope Ashitey) ao encontro de um mítico grupo chamado Projeto Humano, que busca uma solução para a continuidade da espécie. A supresa: a garota negra está grávida, tornando-se uma esperança real para o futuro dos humanos.

No início do filme, Cuarón apresenta o caos que teria tomado conta dessa suposta sociedade futura com algumas doses de ironia e humor: os infelizes podem se suicidar tranqüilamente (algo estimulado através de comerciais de tevê e outdoors) com uma droga chamada Quietus; um alto funcionário do governo britânico tem a Guernica, de Picasso, como simples adereço de sua sala de jantar; Jasper, interpretado por Michael Cane, melhor amigo de Theo e outrora um combativo ativista, transformou-se em um divertido hippie barbudo, que vive do plantio de maconha, vendida a policiais.

O clima pesa e o diretor faz alusões muito claras a situações atuais como o xenofobismo que domina a Europa, o ativismo cada vez mais exarcebado de alguns grupos radicais (anti-globalização, anti-tudo) e o militarismo das grandes potências. Questões importantes que quase se perdem no final de tom sentimentalóide. Afinal de contas, não se pode esquecer que se trata de uma produção hollywoodiana, que precisa vender esperanças, como o próprio título nacional do filme sugere. GGG1/2

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