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Conversas de personagens lembram diálogos entre Woody Allen e Diane Keaton em Manhattan | Divulgação
Conversas de personagens lembram diálogos entre Woody Allen e Diane Keaton em Manhattan| Foto: Divulgação

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Vamos aos fatos: Woody Allen tem feito um longa-metragem por ano desde 1969. Nem todos os seus filmes são memoráveis, mas basta uma atenta revisão de sua obra, para chegar à inevitável conclusão de que poucos realizadores vivos podem se orgulhar de ter construído uma filmografia tão sólida e blindada contra os efeitos do tempo. Portanto, o fato de Para Roma, com Amor, que chega hoje aos cinemas brasileiros, não ser exatamente genial, como seu antecessor, o premiado Meia-noite em Paris, não é um pecado mortal. Longe disso. Até porque há vários bons motivos para assisti-lo.

Longinquamente inspirado por Decamerão, clássico de Giovanni Boccaccio (1313-1375), romance em que várias histórias se entrecruzam na Itália medieval, Para Roma, com Amor reúne cinco tramas. Elas até atravessam os caminhos umas das outras, tomando a Cidade Eterna como cenário, mas são independentes. Nem todas funcionam, é preciso ir logo dizendo.

Allen, que retorna à cena como ator em um filme seu pela primeira vez desde Scoop – O Grande Furo (2006), estrela a melhor delas. Ele é Jerry, um diretor de óperas inseguro e em crise, que vai a Roma com a mulher (a australiana Judy Davis, de Maridos e Esposas) para conhecer o noivo da filha Hayley (Alison Pill, de Meia-noite em Paris), um romano boa pinta chamado Michelangelo (Flavio Parenti), cujo nome o futuro sogro faz questão de pronunciar errado.

A má vontade de Jerry se dissipa quando ele descobre que o pai de Michelangelo, vivido pelo tenor Fabio Ar­­miliato, é, potencialmente, um diamante bruto do canto lírico. Mas tem uma limitação: o homem, que ganha a vida como coveiro, só consegue cantar bem quando está debaixo do chuveiro.

Em outra trama importante, Jesse Eisenberg, o astro de A Rede Social interpreta Jack, um norte-americano aspirante a arquiteto que vive em Roma com a namorada Sally (Greta Gerwig), que comete o erro de convidar uma amiga, Monica (Ellen Page, de Juno) para visitá-la. Acredita que o rapaz não tem nem terá olhos para outra mulher. Ledo engano.

Jack é uma espécie de álter ego mais jovem de Allen, e encarna a persona neurótica, verborrágica e intelectual que o diretor já viveu em muitos dos seus filmes. O que, para alguns, pode ser um problema, já que, aos 76 anos, Allen não consegue fazer com que o personagem soe como alguém de sua idade. O mesmo vale para Monica, com quem Jack tem conversas que fazem lembrar os diálogos cheios de referências entre Allen e Diane Keaton em Noi­­vo Neurótico e Noiva Nervosa (1977) e Manhattan (1979). Mas será isso um grave defeito?

Alec Baldwin, como o pai um tanto surreal de Jack; Penélope Cruz, no papel da prostituta Anna, que se envolve em uma hilária comédia de erros; e Roberto Benigni, encarnando mais um sujeito histriônico em sua galeria de tipos, desta vez perseguido por paparazzi graças a uma fama inesperada, compõem um mosaico de tipos humanos que poucos, como Allen, são capazes de tirar da manga. Nada para entrar para a história do cinema, mas ainda assim acima de média. GGG

Classificações: GGGGG Excelente. GGGG Muito bom. GGG Bom. GG Regular. G Fraco. 1/2 Intermediário. N/A Não avaliado.

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