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Conto revolucionário de Rubem Fonseca vira série no GNT

“Lúcia McCartney” estreia nesta segunda-feira (21), às 23h. José Henrique Fonseca, filho do escritor mineiro, é responsável pela adaptação

Antonia Morais vive a garota sonhadora que vive de programas no Rio de Janeiro do fim dos anos 1960. | Juliana Coutinho/Divulgação
Antonia Morais vive a garota sonhadora que vive de programas no Rio de Janeiro do fim dos anos 1960. (Foto: Juliana Coutinho/Divulgação)

Uma garota de programa beatlemaníaca vivendo durante o regime militar no Brasil. Se você se lembrou de um conto de Rubem Fonseca, acertou. “Lúcia McCartney”, série homônima à história do escritor que revolucionou o gênero, estreia nesta segunda-feira (21), às 23h, no canal GNT.

O conto de Fonseca, um brutalista, como definiu o crítico Alfredo Bosi, tem narrativa e ritmo únicos, e foi adaptado para a televisão pelo próprio filho do escritor, o cineasta José Henrique Fonseca em parceria com o roteirista Gustavo Bragança.

O processo foi desafiador por se tratar de uma história curta a ser desenvolvida em oito episódios. Foi necessário acrescentar elementos, como conta a diretora Izabel Jaguaribe: “A gente partiu desse ponto, estendeu e aprofundou os personagens que já existiam e criou novos, tentando manter o espírito e trazer uma linguagem estética que tivesse a ver com a época, mas com uma certa liberdade”.

Parte do terceiro livro de contos do escritor mineiro, lançado em 1969 e premiado no ano seguinte com o Jabuti na categoria contos, crônicas e novelas, a história já havia sido adaptada para o cinema em 1971, por David Neves.

A linguagem elíptica, marca do conto, também foi transferida para a televisão. Se na literatura a elipse significa suprimir alguns elementos e palavras da frase sem prejudicar o entendimento, na televisão esse cuidado se exprime em cenas que deixam dúvida de que aqueles diálogos realmente aconteceram ou se estão apenas na cabeça dos personagens.

Temos a liberdade de usar recursos descompassados propositadamente, como a especulação imaginativa de um detetive, por exemplo.

Izabel Jaguaribe Diretora

A nouvelle vague também é referência para a obra, segundo Izabel, que divide a direção com José Henrique Fonseca. “Temos a liberdade de usar recursos descompassados propositadamente, como a especulação imaginativa de um detetive, por exemplo”, diz.

Aos 91 anos, Rubem Fonseca foi uma espécie de conselheiro para a adaptação do filme, afirma a diretora. “No início, quando começou a ideia de transformar o conto na série, foi ficando evidente que seria necessário acrescentar muita coisa. O José Henrique pediu uma direcionada, houve uma troca de aconselhamento, mas nada muito presente”, afirma a diretora.

Preparação

Todo material que já havia foi base para Antonia Morais, escolhida para viver Lúcia, construir sua personagem. Mas a preparação teve início logo após o teste, antes mesmo de receber um sim. “Queria muito que o papel fosse meu e fiquei focada em criar um universo interno forte para que ela passasse realmente a existir para mim, embora eu não soubesse exatamente quem ela era”, conta a atriz, que também escreveu um diário como se fosse a própria garota de programa fã de Paul McCartney. Nesse período, não contou nem para a mãe, a atriz Glória Pires, que disputava o papel.

Já aprovada para a produção, começou o laboratório intenso e aí sim assistiu ao filme de David, fez leituras com o preparador de elenco Sergio Penna e visitou uma casa de prostituição no Rio de Janeiro. “Conversei com algumas meninas de lá, para ter um conhecimento de causa. Mas na hora de filmar, foi tudo diferente”, conta.

Os laboratórios também incluíram entrosamento com Du Moscovis, que faz o cliente por quem Lúcia se apaixona, e Mariah Rocha e Mariana Lima, que interpretam as garotas de programa que dividem apartamento com ela.

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