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Bruno Gagliasso | Reprodução
Bruno Gagliasso| Foto: Reprodução

Gloria Perez deu uma aula de roteiro na estreia de "Dupla Identidade" exibida sexta-feira passada pela Globo. A primeira cena já definiu bem como um serial killer pode andar à solta em nosso próprio círculo social sem que nos demos conta disso.

Sem saber, a primeira vítima corre de pavor ao ver um morador de rua com uma "aparência estranha", mas oferece ajuda sem pestanejar quando vê o bonitão Edu, e se deixa seduzir pelos belos olhos azuis de Bruno Gagliasso. O que ela não sabe é que vai ser morta em seguida, justamente por alguém tão bonito – e aparentemente – indefeso.

Cabe a Luana Piovani, excelente no papel de Vera, narrar as nuances e a sede de poder de Edu ao público. Edu, quem diria, é formado em Direito, está graduando-se em Psicologia, e deseja ser Governador do Rio de Janeiro e mais tarde Presidente da República. Durante o episódio, vemos ele fazendo de tudo para se tornar o braço direito do senador Oto Veiga (Aderbal Freire Filho). Numa das cenas, o personagem sugere ao senador um projeto para combater o estupro, no qual as mulheres seriam convocadas a participar através das redes sociais. Mais irônico e inteligente, impossível. Ponto para Gloria, que soube a incluir a política e uma mente ardilosa em ano eleitoral.

Impossível não destacar a excelente atuação de Bruno Gagliasso. O ator não tinha sido a primeira opção para Edu. Mas ele pediu para fazer o teste. Queria e conseguiu. Apresentou um Edu charmoso e sedutor e ao mesmo conseguiu passar todas as múltiplas facetas do serial killer. Assim como o esquizofrênico Tarso de "Caminho das Índias", também de Gloria Perez, este trabalho vai marcar a carreira de Bruno, marcado por mocinhos típicos das novelas, e que buscava por papéis diferentes e com várias facetas.

As belas cenas externas – segundo o diretor Mauro Mendonça Filho cerca de 90% das cenas são gravadas em locações – chamaram a atenção no primeiro episódio. Em especial, o take de abertura com todo aquele vento – digno dos melhores suspenses – e aquela em Edu "abraça" o Rio de Janeiro. A fotografia soturna de Gustavo Hadba- composta de jogos de luz e sombra – em complemento com a trilha sonora de rock'n' roll permite completa imersão no seriado desde os primeiros minutos de exibição.

Gloria, fã assumida de seriados americanos, apresentou um roteiro impecável e com lógica e coerência e acertou ao investir em um novo gênero que até então não tinha experiência. A direção de Mauro Mendonça Filho (com colaboração de René Sampaio) só fez bem ao texto dela. Foi um policial da melhor qualidade. Os olhos de Bruno Gagliasso na última cena do primeiro episódio falam tudo: Edu gosta da sede de poder e de seduzir. E nós fomos seduzidos por ele e sua Dupla Identidade. Vale a pena acompanhar!

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