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Televisão

“Girls”enfrenta discussões difíceis

Série da HBO aborda com humor e realismo temas que atormentam qualquer millennial de 20 e tantos anos

Cena de “Girls”, série criada por Lena Dunham que retrata os dramas de jovens bem-nascidas. | Mark Schafer (HBO)/Divulgação
Cena de “Girls”, série criada por Lena Dunham que retrata os dramas de jovens bem-nascidas. (Foto: Mark Schafer (HBO)/Divulgação)

Hannah Horvath é a voz de toda uma geração. A protagonista da série “Girls”, da HBO, é uma aspirante a escritora que, como muitos jovens de 20 e tantos anos, não sabe o que fazer da vida.

Após seus pais anunciarem que não bancariam mais suas ambições literárias, ela se vê às voltas com as agruras da fase adulta.

Criada e estrelada por Lena Dunham, a trama se passa numa efervescente Nova York.

Marnie (Allison Williams), Jessa (Jemima Kirke) e Shoshanna (Zosia Mamet) são as amigas nem tão inseparáveis assim que encarnam, junto de Hannah, os dramas da Geração Y.

Recém-saídas da faculdade (ou da rehab), elas têm de arranjar empregos, superar rejeições amorosas, levar o lixo para fora. E ninguém avisou que seria tão difícil.

Prepare-se para ver cenas de sexo realistas – nada de pés em ponta ou gemidos calculados – e nudez não fetichizada. Com uma naturalidade desconcertante, Hannah aparece com pouca ou nenhuma roupa. Seu corpo comum, com celulites, dobrinhas e tatuagens, passa a bem-vinda mensagem da autoaceitação.

O realismo não para por aí. Não se trata das desventuras de uma heroína sem defeitos. Hannah é humana e por isso tão verossímil. Desperta no espectador identificação e admiração, mas também decepção e raiva.

O individualismo é outra face dos tempos de hoje retratada no programa. As personagens até têm lapsos de empatia e solidariedade, mas, no geral, estão mais preocupadas é com seus umbigos.

Antenado como um bom millennial, o seriado traz à tona discussões em voga fora da tela. Como o debate sobre machismo, presente inclusive no meio literário. Lá pela quarta temporada, Hannah questiona: por que a trilogia “Cinquenta Tons de Cinza” é evocada quando uma mulher escreve sobre sexo, mas Philip Roth, Henry Miller e tantos outros homens são incensados por abordar a mesma temática?

Um episódio antes, a protagonista narra uma passagem de sua vida pessoal a uma colega, que a interrompe dizendo “TMI”, a sigla para “Too Much Information” (algo como “informação demais” ou “não quero saber mais sobre isso”).

Hannah retruca: “Isso é um conceito tão ultrapassado, não existe isso de ‘informação demais’. Esta é a era da informação”. De fato, quando tudo está a uma busca no Google de distância, qual o sentido de haver tabus ou assuntos proibidos? Sem pudores ou rodeios, “Girls” fala de aborto, eutanásia, transtornos psicológicos e relacionamentos abusivos.

Mas engana-se quem pensa que a série é densa, pesada. Prova do contrário é que, dentre vários prêmios, faturou um Globo de Ouro na categoria de comédia, em 2012.

Com a quinta temporada no forno, “Girls” garante entretenimento com conteúdo, e, de quebra, ótima trilha sonora, assinada por Michael Penn. Os 30 minutos de duração dos episódios passam voando – e fazem querer mais.

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