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Dois dos americanos entrevistados por Luís Nachbin no documentário “Trem Trilhos Trump” | Divulgação/
Dois dos americanos entrevistados por Luís Nachbin no documentário “Trem Trilhos Trump”| Foto: Divulgação/

“Foi a mesma sensação que eu tive no 11 de Setembro”. No último dia 9 de novembro, o jornalista e documentarista Luís Nachbin estava no aeroporto de Buenos Aires, em meio a uma longa espera por uma conexão rumo aos EUA, quando soube, pelos monitores, que Donald Trump havia sido eleito presidente da nação mais poderosa do mundo. Nascido no estado de Nova York e criado no Brasil, onde fez carreira na televisão, Nachbin estava a caminho da Califórnia para dar continuidade às filmagens de um documentário sobre uma refugiada haitiana, mas decidiu, repentinamente, alterar seus planos.

“Ainda na Argentina, no aeroporto, comecei a pensar no que eu poderia fazer sobre esse efeito Trump. Estava indo para São Francisco, mas para a minha volta só havia emitido passagem do trecho Atlanta-Rio. Até que me deu o estalo de fazer um road movie. Resolvi acelerar um pouco meu trabalho com a refugiada haitiana e ter três ou quatro dias para viajar de trem pelo país. A ideia era fazer um filme de paisagens e reflexões”, conta.

Assim nasceu “Trem Trilhos Trump”, documentário de 26 minutos que estreia nesta sexta-feira (20), dia da posse de Trump, às 21h, no Canal Brasil, que comprou o projeto, rodado de forma independente, depois de pronto. Ao todo, Nachbin gravou com 13 americanos, das mais diversas correntes e opiniões, entrevistados ao longo de quatro dias e quatro noites. Casos de Valerie Starr, moradora da Virginia, eleitora de Trump e defensora do porte de armas, “assustada” com a polarização política e as brigas decorrentes; e Toni, da Califórnia, que acha que Trump não se importa com ninguém além de si mesmo. Para lançar a produção a tempo de Trump assumir, Nachbin passou o Natal e ano novo diante de uma ilha de edição.

Trem Trilhos Trump

Sexta-feira (20), 21h, e sábado (21), 16h30, no Canal Brasil.

“Assim que formatei a ideia, comprei passagem, pedi autorização para filmar e fui. Um trem é um lugar ótimo para encontros e conversas. Achei que seria o cenário ideal, ainda mais em uma situação como a minha, que não tive como fazer pré-produção de personagens. Num trem, eu teria tempo de me sentar ao lado de pessoas interessantes, discutir e refletir sobre esses assuntos e só então gravar. A abordagem não foi a de um repórter, eu deixava a conversa fluir até chegar ao momento Trump”, conta o jornalista, que já havia viajado 9 mil quilômetros pela Rússia para filmar a videorreportagem “Transiberiana, a estrada de ferro mais longa do mundo”, em 2001. “A verdade é que eu adoro andar de trem. A primeira profissão que eu disse que teria foi maquinista (risos). Sempre que me meto num trem, eu saio muito feliz.”

Desta vez, porém, o clima foi um pouco diferente.

“Achei esta eleição extremamente assustadora e melancólica. As palavras de uma entrevistada, do estado da Virgínia, refletem exatamente o que eu senti: ‘estupefata, horrrorizada e petrificada’. Fiquei pasmo. Tive a mesma sensação no 11 de Setembro, quando também estava nos EUA. Isso é verdade ou é uma brincadeira?. Meu pai era professor da Universidade de Rochester, no Estado de Nova York. Vivi meu primeiro ano de vida lá, depois morei por 3 anos em São Francisco quando fiz meu mestrado. Cresci passando férias nos EUA. Não sou tão ligado às raízes americanas quanto às brasileiras, mas tenho uma ligação afetiva com os EUA. Parte da minha história passa por lá.

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