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A lenda Pavarotti

O maior artista lírico, a mais linda, maravilhosa e eloqüente voz de tenor de todos os tempos nos deixou para sempre.

Ele é e será sempre uma lenda viva para o mundo que o admirou. Resta a saudade para os cantores, seus colegas e amigos que puderam apreciar sua singular personalidade artística.

Os jovens cantores se espelharam nele, tentando seguir seus passos, buscando aprender sempre, ouvindo-o ao vivo ou em suas gravações, com sua maravilhosa e incomparável arte de cantar que comovia milhões de pessoas.

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A música clássica perdeu esta semana um de seus maiores representantes: o tenor Luciano Pavarotti, de 71 anos, que morreu na última quinta-feira, vítima de um câncer no pâncreas. O enterro aconteceu ontem em Modena, no norte da Itália, cidade natal do cantor.

Pavarotti foi o tenor mais popular da segunda metade do século 20. Filho de um padeiro amante da ópera e assíduo membro de um coral local, começou a cantar no coro do teatro da sua cidade natal e no coral Gioacchino Rossini.

Em 1955 começou a receber aulas de canto com Arrigo Polo e Ettore Campogalliani. Antes de se dedicar profissionalmente à ópera, contudo, formou-se em Magistério e foi professor durante 12 anos. Estreou no dia 29 de abril de 1961, no Teatro Reggio Emilia, como o Rodolfo de La Bohème, de Puccini. Recebeu o prêmio ao lado da brasileira Neyde Thomas (leia depoimento acima).

"Ele era bem técnico, sabia tudo o que estava fazendo. Era bastante controlado, apesar da liberdade com os agudos, que só vinham com a emoção", explica Neyde, que foi amiga do tenor durante toda a sua carreira.

Fora da Itália, a primeira atuação de Pavarotti foi em Dublin, no papel do duque de Mantua de Rigoletto. Dois anos depois atuava em Amsterdã, Viena, Zurique e Londres. Em 1965 direcionou sua carreira rumo ao "bel canto". Formou um dueto com a soprano australiana Joan Sutherland, que conheceu em Dublin, para interpretar obras de Bellini e Donizetti nos Estados Unidos e na Austrália.

"Pavarotti aprendeu muito com Sutherland. Ela era muito alta e precisava de alguém alto também para contracenar, então o levou à Austrália, onde o ensinou a forma certa de respirar", conta Neyde.

"Mas o que mais caracterizava o Pavarotti era a forma simples de cantar. Além de uma técnica fantástica ele simplesmente abria a boca e o sons saíam com grande naturalidade", explica a cantora e professora Denise Sartori, que foi aluna de Neyde Thomas e vencedora do Concurso Pavarotti, através do qual pôde conhecer o cantor.

Pavarotti consolidou sua fama internacional no Covent Garden, de Londres, em 1966. Seis anos mais tarde, se consagrava definitivamente no Metropolitan Opera House de Nova Iorque, com La Fille du Régiment, de Donizetti.

Sua voz luminosa e inconfundível, nas interpretações do Nemorino (L’Elissir d’Amore, de Donizetti), Radamés (Aída, de Verdi), ou do príncipe Calaf (Turandot, de Puccini) fez dele um dos grandes tenores contemporâneos e o mais bem pago da história. A transmissão em 1977 da atuação ao vivo do Metropolitan, de Nova Iorque, deu a Pavarotti a maior audiência na história das óperas na tevê. Mais tarde, conquistou o carinho do grande público com os recitais da série Os Três Tenores, com os espanhóis Plácido Domingo e José Carreras, à medida que perdia o prestígio nos círculos operísticos.

"Ele cantou a vida inteira em plena voz, o que é raro. Por isso conseguiu cantar tudo, e tinha uma presença em cena muito especial, como em L’Elissir d’Amore, que era mais engraçado, ou em Aída, mais dramática", explica Neyde.

Em 2006, o tenor – pai de quatro filhas e amante do futebol, da pintura e dos cavalos –, fez uma turnê mundial, que precisou suspender no fim de junho. Precisou ser operado de um tumor no pâncreas, em Nova Iorque. Por isso se viu obrigado a cancelar os concertos que tinha programados para 2006 na sua Worldwide Farewell Tour (viagem de despedida mundial).

"Seu estilo influenciou muita gente, todos queriam cantar como ele. Ajudou bastante Andrea Bocelli, que tinha uma voz parecida com a dele", explica Neyde, que aponta também o tenor Roberto Alagna como um dos herdeiros musicais de Pavarotti.

Segundo um dos médicos que cuidou do cantor, Pavarotti sempre quis combater seu câncer e estava muito sereno quando morreu.

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