
Leo Fressato é um artista de palco. É um contestador desassossegado, que usa as palavras para falar desavergonhadamente de amor e seus que tais. Quem já viu seu show, sabe que é mais que música. É um todo, que ganha coerência na medida em que o entendemos não como o autor de "Oração", mas como um menestrel de nossos tempos. Por isso, Fressato encontrou um desafio quando decidiu gravar um disco. Isso porque o suporte é naturalmente redutor. E aí aconteceu o que aconteceu: Leo Fressato não coube em seu próprio álbum. Há uma fragilidade incômoda que permeia todo o trabalho. Sua visão de mundo complacente e delicada ganhou contornos quase infantis. Musicalmente, o disco também não avança. Apesar de contar com bons músicos ao seu dispor, fica a sensação de que todo o grupo teve de se encolher, se acomodar, para que algo de especial surgisse daquele que canta, às vezes, como Cazuza, às vezes, como um amador insistente. As faixas, mesmo as novas como o quase baião "De Janeiro a Janeiro", soam como algo já caduco resultado, talvez, da carência de uma produção mais consistente. Canções para o Inverno Passar Depressa não é um total equívoco porque o próprio artista, felizmente, é maior do que a pequena obra que resolveu lançar ao mundo. GG



