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O padre Marcelo Rossi levou multidões a livrarias de todo o território nacional com o lançamento de seu livro Ágape, de conteúdo religioso | Divulgação
O padre Marcelo Rossi levou multidões a livrarias de todo o território nacional com o lançamento de seu livro Ágape, de conteúdo religioso| Foto: Divulgação

Fora de modismos e o fator acaso

Há obras que acontecem mesmo não tratando de temas em evidência, a exemplo do livro de não ficção Comer, Rezar, Amar, da escritora norte-americana Elizabeth Gilbert.

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O padre Marcelo Rossi foi o principal responsável pela movimentação das livrarias brasileiras no ano passado. Apesar de a Câmara Brasileira do Livro (CBL) ainda não ter divulgado um relatório oficial sobre as vendas do ano, a Gazeta do Povo obteve dados junto a grandes redes de livrarias que apontam para o religioso pau­­lista como o maior fenômeno do mercado editorial brasileiro.

Rossi lançou Ágape (Globo), com interpretações do Evangelho de São João, em agosto do ano passado e, até agora, já foram vendidos mais de dois milhões de exemplares do livro no Brasil. Só o grupo Livrarias Curitiba comercializou, em suas 18 lojas, mais de 150 mil unidades da obra. No ano passado, a empresa realizou dois eventos com o padre, um em São Paulo, que reuniu mais de seis mil pessoas, e outro em Curitiba, que atraiu público de 4,5 mil. A Livraria Cultura, que tem 11 lojas, mais o site, comercializou 600 exemplares de Ágape por dia em dezembro, e, na loja do Recife, mais de 30 mil pessoas foram pegar autógrafos do padre Marcelo Rossi.

Gerentes das duas redes, Curitiba e Cultura, analisam que o livro de Marcelo Rossi vende bem porque ele é uma figura pública que trata da fé e se comunica com multidões por meio de programas de rádio e do microblog Twitter.

História do Brasil

Outro autor nacional de não ficção que levou público às lojas de todo o Brasil foi o maringaense Laurentino Gomes. 1822 (Nova Fronteira) vendeu, de agosto a dezembro de 2010, 450 mil exemplares. O livro, que fala da História do Brasil por meio de linguagem de fácil compreensão, é uma continuidade da obra anterior de Gomes, 1808 (Planeta), que está há 144 semanas nas listas de li­­vros mais vendidos e atingiu a marca de 700 mil exemplares vendidos no Brasil e em Portugal.

Os livreiros dizem que, desde 1808, o sucesso de Laurentino Gomes é praticamente fato consumado: ou seja, basta ele publicar um novo livro para fazer sucesso. O escritor e jornalista discorda da tese. "Seria um grave erro, no en­­tanto, acreditar que me transformei em um rei Midas do mercado editorial. Já vi muitos autores, cantores e compositores fracassarem depois de uma ou duas obras bem-sucedidas. O que garante o sucesso de um livro-reportagem é a qualidade da pesquisa. Aliás, isso vale para todos os formatos de jornalismo. Um jornal pode publicar uma excelente edição e tornar-se irrelevante na seguinte. Da mesma forma, meus livros continuarão a fazer sucesso somente se eu conseguir produzir obras relevantes para os leitores", afirma Gomes.

Bruxos, anjos e vampiros

Além desses dois fenômenos de não ficção, o padre Marcelo Rossi e Laurentino Gomes, os livros de Stephenie Meyer, da série Crepúsculo (Intrínseca), que começaram a ser publicados no Brasil a partir de 2008, ainda provocam alguma marola no mercado. Recentemente, houve uma tentativa de emplacar obras sobre anjos, mas a proposta não vingou.

Leoni Cristina Pedri, diretora de varejo do grupo Livrarias Curitiba, afirma que, independentemente de modismos, para movimentar o mercado, é necessário promover eventos com autores de livros que fazem sucesso. Em 2008, a empresa trouxe a Curitiba William P. Young, e o público reagiu bem, lotando a loja do Park Shopping Barigüi. A Cabana (Sextante) saiu no Brasil em 2008 e, apenas em 2010, o livro vendeu mais de 900 mil exemplares. "O sucesso de A Cabana tem a ver com o fato de ser um livro sobre fé, o que também pode explicar a boa receptividade de Ágape, do padre Marcelo Rossi", diz Leoni.

O proprietário da Sextante, Marcos Pereira, acredita que A Cabana, há 130 semanas na lista de mais vendidos da revista Veja, vende bem porque trata de te­­mas fundamentais da vida.

Na Livraria Cultura, fazer eventos é tão importante quanto ter livros nas vitrines – ano passado foram realizados mais de 4 mil ações. Uma delas teve a finalidade de promover o escritor paulistano Reinaldo Moraes que, depois de badalação na década de 1980, estava completamente esquecido. Moraes publicou o romance Pornopopéia (Objetiva) em 2009, mas somente no fim do ano passado que a obra passou a chamar a atenção, depois de uma resenha publicada no suplemento Ilustríssima, da Folha de S.Paulo, de uma matéria na revista Piauí e de uma campanha de divulgação da Livraria Cultura.

"A nossa lista de mais vendidos é fora do padrão", diz o analista de negócio da Livraria Cultura, Ricardo Schill, completando que Pornopopéia, de Moraes, O Pequeno Príncipe (Agir), de Antoine de Saint-Exupéry, e Vida (La­­rousse), a biografia de Keith Ri­­chards, venderam bem na rede em 2010. "Vale dizer que os pe­­quenos leitores estão frequentando e consumindo livros nas lojas da Cultura. O futuro é promissor", finaliza Schill.

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