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Distrito 9: história intrigante sobre alienígenas confinados em um gueto pútrido na periferia da metrópole Johannesburgo | Divulgação
Distrito 9: história intrigante sobre alienígenas confinados em um gueto pútrido na periferia da metrópole Johannesburgo| Foto: Divulgação

Distrito 9 é, ao lado de Guerra ao Terror, um dos casos mais interessantes no Oscar 2010. Custou US$ 30 milhões, arrecadou sete vezes esse valor e chega agora às locadoras brasileiras embalado por quatro surpreendentes indicações ao prêmio da Academia, incluindo melhor filme e roteiro adaptado. A outra ficção científica que disputa a categoria principal, Avatar, pode até concorrer em um número maior de categorias, nove ao todo, mas seu calcanhar de aquiles, o roteiro, foi deixado de fora. Nesse quesito, Distrito 9 dá de goleada na superprodução de James Cameron.

O longa, produzido por Peter Jackson (de O Senhor dos Anéis), marca a impressionante estreia na direção de Neill Blomkamp, que transforma sua terra natal, a África do Sul, sede da próxima Copa do Mundo, no país escolhido como exílio por refugiados "climáticos e biológicos" de outro planeta.

A razão que os traz à Terra (ou ao continente africano) nunca é bem explicada, mas isso pouco importa: o filme fala muito mais sobre seres humanos do que a respeito de criaturas de outro planeta.

Comparado por críticos norte-americanos a clássicos do gênero, como Alien: O Oitavo Passageiro e Vampiros de Almas, Distrito 9 tem inúmeras qualidades. Entre seus trunfos formais, a narrativa tensa e surpreendente, em tom documental, com câmera na mão e fotografia granulada, digital, reforça o tom de urgência da trama. E o elenco, formado por atores desconhecidos, também reforça a sensação de estarmos assistindo a uma nova e apavorante versão do episódio Guerra dos Mundos, no qual um jovem Orson Welles leu o livro de H. G. Wells no rádio com se fosse fato, causando histeria coletiva nos EUA. Só que mais explícita e violenta.

Distrito 9 também acerta no conteúdo. A história tem início quando, depois de quase 30 anos de presença na Terra, o governo da África do Sul resolve transferir, para o interior do país, os extraterrestres, hoje confinados em um gueto pútrido na periferia da metrópole Johannesburgo. Quer varrê-los para baixo do tapete, já que, a partir de sua instalação, proliferaram a violência e o tráfico de comida e de armas. E há a suspeita de que esteja fermentando uma insurreição entre os alienígenas, chamados de "camarões" por sua aparência semelhante à dos crustáceos.

Muito similar às regiões mais pobres de Soweto, subúrbio habitado pela população negra em Johannesburgo, o Distrito 9 do filme faz dos ETs as vítimas de uma nova versão de apartheid. Eles assumem o papel de excluídos e discriminados, reinventando uma fórmula cruel. A lição, pelo jeito, não foi aprendida. Mas não se preocupe: o filme de Blomkamp nunca abre mão de ser divertido. GGGG

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