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O. Henry foi um dos grandes mestres da narrativa curta norte-americana | Divulgação
O. Henry foi um dos grandes mestres da narrativa curta norte-americana| Foto: Divulgação

Os contos de O.Henry são a grande prova do que um narrador competente pode fazer. No caso dele, as narrativas conquistaram um país inteiro – os Estados Unidos –, apesar de trazerem um substrato de sarcasmo e ironia que, se apresentados de outra forma, poderiam assustar boa parte dos leitores. Mas O.Henry escrevia bem e tornou-se extremamente popular ente os norte-americanos no início do século 20.

A edição de bolso da editora Hedra traz uma amostragem da literatura de O.Henry. Uma pequena seleção, considerando que ele deixou mais de 400 contos. Os mais famosos estão nesta edição brasileira: "A Última Folha", "Histórias de uma Nota Ilícita de Dez Dólares" e "O Policial e o Hino da Igreja". Nestes há aquilo que ficou como marca do escritor: a "virada" no fim da história, que dá uma conclusão inesperada ao conto.

Em geral, O.Henry disfarçava suas ironias com certo tom espiritual, como em "O Policial e o Hino da Igreja". A história segue engraçada até seu final (depois de sentir muito frio durante uma noite passada em um banco de praça, um mendigo metido a grã-fino se empenha em ser preso para ficar alguns meses no "calor" da cadeia. Todos os seus ingênuos planos dão errado, até que ele tem uma epifania e decide deixar a vida de vagabundagem e procurar um emprego. Mas aí vem a virada típica de O.Henry e também seu sarcasmo: é como se ele fizesse concessões para prender a atenção do leitor, mas não conseguisse se conter e, a certa altura, desse seu recado: não há redenção, você sempre acaba voltando ao caminho para o qual a vida te empurra.

O próprio O.Henry era um personagem digno de figurar nesses contos, conforme relata a curta biografia preparada para esta edição por Bruno Gambarotto. Nascido em uma família de classe média, bem educado, ele foi seguindo um percurso de aventuras e quando se tornou um homem de vida estável (pai de família e empregado de banco), acabou acusado de desviar dinheiro. Fugiu para o exterior (viveu em Honduras , onde cunhou a expressão "república de bananas") e, ao voltar aos Estados Unidos, foi preso e passou alguns anos no presídio. Teria vindo daí a necessidade de inventar um pseudônimo. Seu verdadeiro nome era William Sydney Porter.

Sempre há um toque de ingenuidade nos contos de O.Henry. Sem dúvida, seus contos eram escritos por alguém que precisava ganhar a vida com eles e por isso queria agradar o público. Cem anos depois de terem sido escritos, eles ainda têm potencial para agradar.

Serviço: A Última Folha e Outros Contos. O.Henry. Editora Hedra, 131 págs, R$ 19. Contos

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