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A história é esdrúxula. Falam que foi inspirada no romance O Sono Eterno, de Raymond Chandler, mas é preciso alargar o conceito da palavra "inspirada" para identificar alguma coisa do livro no filme.

Alguém pode reclamar que os personagens são caricatos. Tudo bem, porque se trata de uma comédia. Surreal, sem pé nem cabeça, mas uma comédia. Isso, sem mencionar a trilha sonora bizarra. (Afinal, quem é maluco o suficiente para colocar ópera alemã, Bob Dylan, o maestro Henry "Pantera Cor-de-Rosa" Mancini e os Gipsy Kings um em seguida do outro?)

Os irmãos Coen são.

E "bizarro" é um adjetivo que cai como luva para O Grande Lebowski, de Joel e Ethan Coen. O filme de 1998 sai só agora em DVD no Brasil e, com certeza, não vai mudar a sua vida. Mas quem se importa?

Enquanto os cinéfilos mais "cerebrais" preferem enaltecer Barton Fink (1991), vencedor a Palma de Ouro em Cannes, O Grande Lebowski não pára de ganhar corações e, vá lá, mentes. Se não no mundo todo, ao menos no mundinho do cinema. Mais especificamente naquela parte dele onde vivem os filmes cultuados (ou cult movies).

O site Internet Movie Database, uma referência quase inevitável, deixa que o público avalie os filmes, criando um "Top 250" bastante peculiar. Pode não ser referência de qualidade, mas dá uma boa idéia do que embala o gosto popular daqueles que estão na rede. Até o fechamento desta edição, O Grande Lebowski ocupava um sólido 181.º lugar, com a mesma pontuação do clássico multipremiado E o Vento Levou (1939).

O festival

Todos os anos desde 2000, Nova Iorque e Los Angeles encabeçam o calendário da Lebowski Fest (www.lebowskifest.com), evento que cresce a cada ano, concebido em Louisville, no estado do Kentucky. As programações incluem, além da exibição do filme (claro), mesas-redondas com críticos e historiadores (a sério), e encontros com toda e qualquer pessoa que tenha alguma coisa a ver com a produção. Este ano, o ponto alto de uma das festas será a reunião com o ator Jim Hoosier, o companheiro de time barrigudo de Jesus Quintana (John Turturro).

Dinheiro

A história, absurda, fala dos problemas que Dude (Jeff Bridges, inspirado como nunca) encontra ao ser confundido com um ricaço por um grupo de criminosos ligados à indústria de filmes pornôs. Dude (gíria em inglês equivalente ao "cara" em português) se chama Jeffrey Lebowski, tornando-o homônimo de um milionário local.

Os bandidos irrompem no apartamento de Dude dispostos a extorquir dinheiro dele em troca da libertação de sua namorada. Exigência que soa como grego para o herói barbado, pois ele não tem namorada nem dinheiro.

Dude poderia esquecer o episódio e continuar com sua rotina de ex-combatente do Vietnã desocupado, viciado em boliche, maconha e no coquetel White Russian (feito de vodka, Kahlúa e leite). Mas os seqüestradores mijam no seu tapete – justo ele, "que dava unidade ao ambiente".

Ele vai então tirar satisfações com o "grande" Lebowski, cobrando do figurão um novo tapete. Durante a visita, acaba sendo recrutado para negociar o resgate – o que faz com a ajuda do amigo, Walter (John Goodman, genial), também ex-combatente e um entusiasta de armas e do judaísmo.

Frases impagáveis, atuações perfeitas, mais a estética típica dos irmãos Coen (maneirista para muitos), evidente sobretudo nas seqüências de sonho e, sim, a trilha sonora incomum fazem de O Grande Lebowski um candidato a "clássico" dos anos 90. GGGGG

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