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Cadu, Isabel e Caio vivem trio que fala de afeto e amizade | Guga Melgar / Divulgação
Cadu, Isabel e Caio vivem trio que fala de afeto e amizade| Foto: Guga Melgar / Divulgação

Indicada pelos vendedores das bilheterias do Festival de Curitiba como uma opção de peça linear – com começo, meio e fim –, Um Coração Fraco (confira o serviço completo) tem um realismo de fachada. Primeiro, porque é uma adaptação de uma novela de Dostoiésvki, autor que deu a seus personagens profundidades psicológicas abissais. Segundo, porque a montagem da carioca Priscilla Rozenbaum rompe com qualquer tentação de tornar o texto convencional. Ela coloca os atores ao redor de uma mesa narrando em terceira pessoa o que seus personagens dizem num determinado momento. Em outro trecho, o protagonista escreve obsessivamente no papel e, não satisfeito, passa a rabiscar o ar.

A história, adaptada da novela Um Coração Fraco (1848) por Domingos Oliveira, tem como protagonista o jovem Vassia (Caio Blat). Frágil e pobre, ele é protegido pelo amigo Arkaddi (Cadu Fávero). Quando se apaixona pela também pobre Lisanka (Isabel Guéron), decide levar o amigo, a mãe e o irmão da noiva para casa. Tem, então, de trabalhar dobrado para tentar dar uma vida melhor à esposa, e nesse esforço acaba enlouquecendo.

No ar, fica a sensação de que a desgraça de Vassia advém da sabotagem de si próprio, e que ele não acredita ser merecedor da felicidade.

O texto original, escrito por Dostoiévski aos 27 anos, já anunciava um estilo que o diferenciou do naturalismo por exacerbar as fraquezas e qualidades dos personagens, mostrando pessoas de classe baixa dotadas de um mundo interior rico em conflitos e ansiedades.

Para melhor trazer à vida o texto dramatúrgico, Priscilla escolheu dois atores apaixonados por Dostoiévski. "É uma peça muito comovente, diligente, em que é possível ver a mão de uma mulher na direção", contou à Gazeta do Povo.

Olhar feminino

Fundadora do grupo Tapa e atriz desde jovem – esta é sua primeira experiência com direção –, Priscilla conta que buscou acentuar em sua montagem os meandros da amizade e do afeto, de forma "delicada e feminina". "Essa peça é meu orgulho, é como um filho."

A própria história da montagem tem um quê familiar. Nasceu do desejo de Oliveira – marido de Priscilla – de adaptar Um Coração Fraco. O resultado foi entregue à mulher como presente de Natal, há muitos anos. "Fiquei com aquilo na gaveta, acabei inscrevendo num edital e o projeto foi aprovado", relembra Priscilla. "Então pensei ‘Agora preciso montar’."

Serviço:

Um Coração Fraco (confira o serviço completo). Guairinha (R. XV de Novembro, s/nº), (41) 3304-7900. Direção de Priscilla Rozenbaum. Adaptação de Domingos Oliveira. Dias 9 e 10, às 21 horas. Ingressos esgotados.

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