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Kim Gordon e Thurston Moore sugeriram que o Sonic Youth pode continuar mesmo após o divórcio | Marcos Hermes/Divulgação
Kim Gordon e Thurston Moore sugeriram que o Sonic Youth pode continuar mesmo após o divórcio| Foto: Marcos Hermes/Divulgação

Espaço

Chuva tornou evidentes os problemas de infraestrutura

A tranquilidade do segundo dia de festival, em que locomover-se de um palco ao outro era tarefa simples e rápida foi, literalmente, por água abaixo no último dia de SWU. A chuva e o público de 70 mil pessoas que compareceram ao Parque Brasil 500, em Paulínia – cerca de 20 mil a mais que no domingo – evidenciaram problemas a serem corrigidos nas próximas edições.

Muita lama e poças d’água tomaram conta de boa parte do trajeto entre os principais palcos – Consciência e Energia – e o mesmo podia ser visto em frente às praças de alimentação e caixas, obrigando o público a verdadeiros malabarismos para evitar escorregões e quedas. Apesar de a produção do evento afirmar que este ano haviam mais banheiros químicos do que na edição anterior, estes encontravam-se em péssimo estado, sujos e enlameados. Muitos foram os que optaram por urinar rente às cercas que separavam os espaços, causando mau cheiro.

(In)sustentável

Assim como o conforto do público, a sustentabilidade, grande bandeira levantada pelo SWU, também ficou em segundo plano. A combinação de poucas lixeiras com muito plástico e papel – deixou o local do evento repleto de entulhos do início ao fim da programação de shows. Chegar em Paulínia de ônibus também não foi nada simples. Com menos veículos disponíveis saindo de São Paulo, houve quem preferisse ir até Campinas para daí tomar a condução rumo ao festival, tamanhas eram as filas no Terminal Rodoviário do Tietê.

Nem Califórnia, nem Inglaterra. Por enquanto, o SWU está bem longe de poder se comparar a eventos como Glastonbury e Coachella.

  • Mike Patton, do Faith No More, misturou hits como
  • Phil Anselmo, do Down, que se apresenta amanhã no Curitiba Master Hall, com abertura do ex-Guns n’ Roses Duff McKagan
  • Público fez malabarismos para escapar das poças e não cair na lama

Com um line-up formado principalmente por bandas que alcançaram sucesso nos anos 1990, o terceiro e último dia do festival SWU 2011 foi marcado por shows com repertórios certeiros e repletos de clássicos. Do som mais pesado das bandas Down e Alice in Chains até o grunge pasteurizado do Stone Temple Pilots, os principais nomes da programação preferiram não se arriscar para agradar ao público que lotou o Parque Brasil 500, em Paulínia, interior de São Paulo.

Prestes a tocar em Curitiba nesta quinta-feira, 17, o Down mostrou para uma plateia ainda seca e reduzida porque é uma das melhores bandas de hard rock da atualidade. Apresentando principalmente canções de seu primeiro e mais bem-sucedido álbum NOLA (1994), o supegrupo de Nova Orleans mostrou uma poderosa mistura de Black Sabbath com rock sulista americano. Em uma performance marcada pela intensidade dos músicos, que incluem integrantes das bandas Crowbar e Corrosion of Conformity, o vocalista Phil Anselmo (Pantera) ainda golpeou a própria cabeça com o microfone até sangrar e continuou o show como se nada tivesse acontecido.

Sonic Youth

Sob rumores de um futuro incerto após o anúncio da separação do casal Kim Gordon (baixo) e Thurston Moore (guitarra), o Sonic Youth privilegiou músicas de discos menos conhecidos, como Bad Moon Rising (1985) e Sister (1987), entre elas "Death Valley 69" e "Schizophrenia", no repertório da apresentação que fez debaixo de muita chuva.

Contando com uma formação de dois baixos (Kim e Bob Nastanovich, do Pavement) e duas guitarras (Moore e Lee Ranaldo), mais a vigorosa bateria de Steve Shelley, os veteranos do rock alternativo abusaram de suas famosas microfonias e experimentações entre as músicas. Os fãs da banda tiveram de se contentar com poucos hits, como "Drunken Butterfly" (com Kim Gordon girando no palco, de vestido vermelho), uma versão levemente desafinada de "Sugar Kane" e o hino "Teenage Riot", em que os integrantes deitaram e rolaram com seus instrumentos – Thurston Moore terminou o show deitado no palco, tocando sua guitarra com o queixo. Após contemplar a plateia por alguns instantes, o guitarrista e vocalista encheu de esperança uma multidão ávida por notícias sobre a continuação das atividades da banda nova-iorquina: "mal posso esperar para ver vocês novamente".

Megadeth e Grunge

Ajudados pela trégua da chuva e por um Dave Mustaine mais simpático do que o usual, o Megadeth levantou o público após um show morno do Primus, que se apresentava pela primeira vez no país. Desde a abertura com "Trust" até o final apoteótico com "Holy Wars", a banda de thrash metal da Califórnia não deixou espaços para o público parar em uma sequência que ainda incluiu outros clássicos obrigatórios, como "A Tout le Monde" e "Symphony of Destruction", além das mais recentes "Head Crusher" e "Public Enemy N.° 1", dos álbuns Endgame (2009) e TH1RT3EN (2011), respectivamente. Destaque também para os músicos do grupo e para a aparição do personagem que ilustra a capa do disco Peace Sells... But Who´s Buying? (1986), durante a faixa-título.

De volta ao Brasil após mais de 15 anos, era visível a alegria dos inte­­­grantes do Alice in Chains com a recepção calorosa do pú­­­blico ao sorumbático e pesado som da banda de Seattle. O grupo, que é acusado de "fazer cover de si mesmo" desde o retorno às atividades em 2005, literalmente lavou a alma com o forte temporal que caía em Paulínia, não se importando em tocar em meio à chuva que invadia o palco e molhava os instrumentos. Além da voz idêntica à do falecido Layne Staley (1967-2002), o novo vocalista William DuVall de­­­mons­­trou habilidade com a guitarra e provou ser o frontman ideal para a nova fase da banda. O show contou com músicas de toda a carreira do AIC, incluindo o mais recente e elogiado álbum Black Gives Way to Blue (2009).

Faith No More

Assim como já havia feito em 2009 no festival coirmão Maquinaria, o Faith No More fechou a noite mais pesada do SWU 2011 com um repertório cheio de clássicos escolhidos a dedo para agradar ao público cansado e molhado que permaneceu em Paulínia. Entre as surpresas para o único show brasileiro da banda nesta turnê estavam as mais do que famosas "Easy" (regravação do The Commodores), "Evidence" (cantada em português) e "From Out of Nowhere", não incluídas nos outros ­­shows da excursão sul-americana. Comandados pelo insano e cada vez mais versátil vocalista Mike Patton, os mú­­­sicos pareciam saídos de um ri­­tual de umbanda – todos vestidos de branco e com colares –, com­­­­bi­­nan­­do com a decoração clean e cheia de flores do palco. O re­­per­­tó­­rio eclético alternou canções pe­­sa­­das, como "Cockoo for Caca" e "Sur­­­­prise! You’re Dead", e os hits ra­­­­dio­­fônicos "Epic" e "Midlife Crisis".

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