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Cinema

Um drama no mar de comédias

Na contramão do humor que invade o cinema nacional, Entre Nós, de Paulo e Pedro Morelli, estreia hoje em 120 salas do país

Amigos de longa data, atores se reencontraram nas gravações do filme | Divulgação
Amigos de longa data, atores se reencontraram nas gravações do filme (Foto: Divulgação)
O elenco de Entre Nós passou 15 dias hospedado na casa que serviu de locação para o filme. Lá, houve a recriação de situações que os personagens enfrentam no roteiro |

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O elenco de Entre Nós passou 15 dias hospedado na casa que serviu de locação para o filme. Lá, houve a recriação de situações que os personagens enfrentam no roteiro

A passagem do tempo e as dores do amadurecimento são o mote principal de Entre Nós, filme dos cineastas Paulo e Pedro Morelli, que estreia hoje nos cinemas (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). Com um roteiro denso, misto de drama e suspense, o longa rema contra a maré de comédias nacionais que tem tomado as salas do país. Mesmo assim, aposta em um elenco com estrelas consagradas na televisão – como Caio Blat, Carolina Dieckmann e Paulo Vilhena – para fisgar o público.

"É mais fácil vender uma comédia", diz Paulo Morelli, que tem o apoio dos números como aliado: Entre Nós estará presente em 120 salas do Brasil, contra 440 da comédia S.O.S – Mulheres ao Mar, que está há uma semana em exibição. "Mas é fundamental ter espaço para o drama", completa o diretor, que tem no currículo Cidade dos Homens (2007), Viva Voz (2004) e O Preço da Paz (2003), filmado em Curitiba.

No novo trabalho, Paulo se juntou ao filho para contar a história de um grupo de amigos que se reúne para passar um fim de semana um em sítio regado a conversas, bebedeiras e delírios juvenis. O encontro acaba em tragédia e, dez anos mais tarde, em 2002, eles se reúnem no mesmo local para desenterrar cartas que haviam escrito na ocasião. O que traz à tona não só desejos antigos para o futuro, mas também decepções, mudanças de comportamento e um grande segredo.

O argumento foi concebido há oito anos pelos diretores, que aperfeiçoaram a história e buscaram recursos para filmarem seu primeiro trabalho juntos. E se o ambiente atrás das câmeras era familiar, entre o elenco não foi diferente. Além do fato de Caio Blat e Maria Ribeiro formarem um casal, praticamente todos os atores são amigos de longa data, assim como os personagens que interpretam.

"Esse é o filme da nossa história", resume Blat, que revelou curiosidades sobre os bastidores. Para entrar no clima, por exemplo, o elenco e os diretores passaram 15 dias isolados no sítio onde a história se desenrola. Lá, reviveram as situações que os personagens enfrentam no roteiro e fizeram alterações no texto. "Foi um encontro prazeroso e artístico", lembra Vilhena.

A flexibilidade de Pedro e Paulo Morelli também foi destacada pelos atores, que tiveram liberdade para improvisar em algumas falas e ações dos personagens. Numa cena em especial, em que o grupo, durante o jantar, destila opiniões sobre os mais diversos assuntos, de política a sexo, todo o texto foi criado pelo elenco, que só recebeu os tópicos para os quais deveriam direcionar a conversa. "Nós até liberamos a cerveja no set este dia", revela Pedro Morelli.

O entrosamento da equipe e a satisfação com o resultado final do trabalho – além do fim aberto para diversas interpretações – gerou a torcida para que exista uma sequência, nos moldes de O Albergue Espanhol, uma das inspirações dos Morelli. "Não vou dizer que não existe o sonho de dar continuidade [à história]", revela Blat.

Desafios

Famosos por seus papeis na televisão, Paulo Vilhena e Carolina Dieckmann tiveram a oportunidade de mostrar uma faceta diferente em Entre Nós. Gus, personagem de Vilhena, é desajeitado e passa por uma enorme crise existencial – muito diferente do tipo garanhão e malandro que o ator costuma interpretar. Já Lúcia, vivida por Carolina, traz uma intensidade pouco vista na televisão. Com poucas falas, a personagem dialoga muito mais com suas expressões, exigindo um trabalho minucioso da atriz, que diz se interessar por esse tipo de desafio. "Fazer o papel de sofredora me interessa muito mais do que o de diva. Meu temperamento tem muito mais a ver com o da sofredora."

O repórter viajou a convite da Paris Filmes.

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