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Andrew Vachss e seu tapa-olho: desfecho na última frase | Mike Anderson/Red Door Studio.com
Andrew Vachss e seu tapa-olho: desfecho na última frase| Foto: Mike Anderson/Red Door Studio.com

É inexplicável o fato de Andrew Vachss ainda não ter nenhum livro adaptado para o cinema. Com duas dezenas de romances, além de vários contos publicados em jornais e revistas de grande circulação (Esquire e Playboy), ele criou o detetive Burke e parece dono de um grupo cativo de leitores.

Suas narrativas são muito cinematográficas. É o que se vê em Piloto de Fuga, que a Record acaba de lançar dentro da Coleção Negra, dedicada a títulos policiais. Na primeira página, há a descrição de uma cena: três homens chegam a um banco, dois deles descem do carro e dizem "cinco minutos". O terceiro à espera. Três minutos depois, ouve disparos e as pessoas começam a gritar.

Só então vêm a folha de rosto e as outras que antecedem o início da história. Exatamente como num filme. Mais para frente, a maneira como o autor intercala cenas e cria suspense também lembra os cortes e sequências comuns ao cinema.

O advogado Vachss deixa de lado o detetive Burke para apresentar Eddie, um sujeito fiel e meio bobo. Obcecado por carros e filmes antigos do tipo estrelado por Steve McQueen (que também envolve veículos). Antes de ter idade para tirar carteira de motorista, ele roubava carros apenas para poder dirigi-los. Acabou sendo preso e, como ele mesmo diz, "Quando você é preso uma vez, este se torna o seu destino".

Na cadeia, cai nas graças de J.C., um bandido com fama de frio e cerebral. Depois que os dois cumprem suas penas, se encontram para trabalhar juntos e fazem vários serviços que culminam no assalto a um carro-forte. Esse é o trabalho que dará a eles a chance de fazer um pé-de-meia bom o suficiente para que nunca mais precisem roubar nada. O problema é que Eddie, aos poucos, começa a se interessar pela mulher de J.C., Vonda.

O texto impõe um ritmo rápido para a leitura. Arrisco dizer que Piloto de Fuga é melhor aproveitado se lido numa sentada.

É curioso como Vachss brinca com elementos típicos do gênero policial – o bandido perigoso, a paixão pela mulher que não se pode ter, o plano perfeito para um assalto. Alguns desenlaces são previsíveis, mas o escritor americano consegue amarrar as informações de forma que a trama só é esclarecida na última frase do livro.

Para um leitor treinado em romances policiais, é possível que o final não seja assim tão surpreendente. Mas existem bons momentos e, de todo modo, é um exemplar respeitável de literatura de entretenimento.

Serviço

Piloto de Fuga, de Andrew Vachss. Record, 160 págs., R$ 22.

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