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Um reencontro de velhos amigos em um funeral. À parte a existência de um defunto, a peça Cold Meat Party, ou Festa do Presunto – título que prenuncia o humor negro das situações –, lembra o enredo do premiado filme As Invasões Bárbaras (2003), do canadense Denys Arcand, continuação de O Declínio do Império Americano (1986).

As semelhanças não são mera coincidência. O autor do espetáculo, Brad Fraser, afina-se com a temática e a abordagem de seu conterrâneo Arcand que, no filme, conta a história de um homem à beira da morte que se encontra com velhos amigos, ex-amantes, sua ex-esposa e o filho. Na montagem, que estréia no Brasil amanhã (18), no Teatro Espaço Dois – Casa de Artes, amigos reúnem-se em torno do túmulo de um finado colega de colégio. Arcand também dirigiu o primeiro filme escrito por Fraser para o cinema, Amor e Restos Humanos, em 1995, que rendeu fama internacional ao roteirista.

A iniciativa de adaptar e encenar o texto canadense é obra da companhia Serial Cômicos, representada em Curitiba por Mazé Portugal e Thadeu Peronne. Eles dirigem a montagem a quatro mãos e atuam junto com os elenco formado por Betina Belli, Altamar Cezar, Sol Faganello, Diego Duda e Carolina Pfarrius. Os personagens – um pop star gay e seu namorado, uma cineasta feminista e sua filha adolescente e um político homofóbico, todos canadenses, além de uma norte-americana desconhecida e a jovem secretária inglesa do defunto – vivem situações bizarras, mas engraçadas.

Quando eles se encontram em Manchester para o funeral e a leitura do testamento do amigo, um escritor canadense que comprou uma pensão na Inglaterra começa a tal "festa do presunto" – um revival de quarentões em volta de um caixão. Ao som de hits dos anos 80, que ouviam quando eram jovens, eles relembram a velha amizade e o brilhantismo do passado enquanto encaram um presente incerto e caótico.

O cenário da peça, em que os diálogos pesam mais do que a ação, é a sala de estar e os quartos da pensão – na verdade, um único quarto que pode ser vários de acordo com a variação de cores utilizada pela iluminação – as mesmas do arco-íris, símbolo da comunidade gay.

Esta é, aliás, a opção sexual de Brad Fraser, que faz questão de abordar questões relacionadas ao homossexualismo em seus textos. Na peça, o pop star decadente confronta-se com um dos amigo que, ironicamente, com o passar dos anos tornou-se homofóbico de carteirinha.

Mas o tema é apenas uma das discussões acaloradas dos personagens. Eles relembram os tempos de drogas e de fama, falam sobre doenças como o câncer e a aids, comentam o caos dos aeroportos após o ataque terrorista ao World Trade Center e expõem seus problemas pessoais. "O mote principal é a amizade", considera Mazé.

Com tantas mágoas e frustrações reveladas, o reencontro descamba para o trágico – sem pieguice, já que o texto de Fraser é pontuado de comentários ferinos e situações engraçadas. "É um humor inteligente. Cada frase dita pelos personagens tem uma sacada", conta.

Para não perder a piada, Mazé e Peronne optaram por manter a localidade e a nacionalidade dos personagens. Afinal, como abrir mão de diálogos que são verdadeiras alfinetadas como "Você é a primeira inglesa com dentes de verdade que eu conheço!". Pérolas originais para quem já está farto da velha contenda entre brasileiros, argentinos e portugueses.

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Serviço: Cold Meat Party (Festa do Presunto), com o grupo Serial Cômicos. Espaço Dois (R. Comendador Macedo, 431), (41) 3362-6224. Estréia dia 18 de julho. Quartas a sábado, às 21 horas, e domingo, às 18 horas. Ingressos a R$ 15, R$ 10 (clientes CEF e Brasil Telecom) e R$ 7,50 (estudantes, idosos e classe teatral). Até 29 de julho.

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