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No show Gal Tropical, a intérprete abandonou a imagem de musa hippie e subiu ao palco como diva: saltos altos, brilho e glamour | Imagens/Reprodução
No show Gal Tropical, a intérprete abandonou a imagem de musa hippie e subiu ao palco como diva: saltos altos, brilho e glamour| Foto: Imagens/Reprodução
  • CD - Gal Tropical. Gal Costa. Unversal Music. Preço médio: R$ 19,90. MPB

Em 11 de janeiro de 1979, Gal Costa passou por uma espécie de metamorfose. A cantora que subiu ao palco do Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea, inaugurado um ano antes no Rio de Janeiro, não era mais a musa hippie que havia feito história no show Fa-Tal, em 1971. O espetáculo que a artista estreava tinha como título Gal Tropical e Maria da Graça Costa Penna Burgos, então aos 33 anos, havia se transformado em um furacão.

Enorme sucesso de público e crítica, Gal Tropical surpreendeu ao apresentar uma artista repaginada, que chegou até a causar certo estranhamento – com trajes muito coloridos, cheios de brilho e glamour, saltos altos e flores nos cabelos, a cantora queria ser vista como mulher, e não mais como a garota de ar displicente, longas madeixas onduladas e pés descalços.

Repertório

O repertório de Gal Tropical, o show, surgiu do álbum Água Viva (1978), que havia rendido o primeiro disco de ouro de sua carreira, graças a sucessos como "Folhetim" (Chico Buarque), do musical A Ópera do Malandro e "Paula e Bebeto" (de Milton Nascimento e Caetano Veloso). É importante lembrar que nesse fim dos anos 70, início da década de 80, as vozes femininas estavam em alta. Maria Bethânia já havia ultrapassado a marcada de 1 milhão de cópias vendidas, com Álibi, lançado no mesmo ano que saiu Água Viva. E na seara do samba, Clara Nunes já tinha quebrado recordes com Claridade (1975) e Canto das Três Raças (1976).

Do show Gal Tropical, que ficou mais de um ano em cartaz, surgiu o álbum homônimo, agora de volta às lojas em versão remasterizada, em que a cantora canta suas versões de canções que já haviam sido gravadas por outros artistas, como "Força Estranha" (Caetano Veloso), registrada por Roberto Carlos, compositor (ao lado de Erasmo) de outro hit do LP: "Olha", que ganhou um arranjo abolerado, sucesso nas rádios. A dupla "papo firme" da Jovem Guarda também assina a faixa que encerra o disco "Meu Nome É Gal", já gravada em 1969, no terceiro LP da artista, intitulado simplesmente Gal.

No entanto, a faixa que mais popular de Gal Tropical, produzido por Guilherme Araújo (que sugeriu à cantora seu nome artístico) e Roberto Menescal, foi outro cover: "Balancê", marcha carnavalesca gravada por Carmen Miranda no carnaval de 1937, que acabou se tornando o maior sucesso do carnaval de 1980 e uma das canções mais executada naquele ano. Por sinal, a Pequena Notável, ícone da Tropicália, é clara inspiração no figurino exuberante do show.

Mas o repertório de Gal Tropical tem muito mais. Desde o irresistível choro "Noites Cariocas" (de Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho) à obra-prima "Estrada do Sol", fruto da parceria entre Tom Jobim e Dolores Duran, passando por "Juventude Transviada" (de Luiz Melo­­dia) e pela guarânia "Índia", grande sucesso nos anos 50 na versão da dupla sertaneja Cascatinha & Inhana.

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