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Arte local pede abrigo

Em visita recente ao Museu Oscar Niemeyer (MON), o artista e professor de arte Fabrício Vaz Nunes ficou feliz ao vê-lo tão cheio – e não só na área externa, onde as pessoas dançam hip-hop, tomam café e passeiam com o cachorro nos fins de semana. "Isso mostra que, apesar dos problemas, o museu está cumprindo o seu papel, o público vai ao museu – e gosta", diz.

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Para sair da inoperância

São muitos os desafios de Mônica Rischbieter, a nova diretora-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra. A comunidade e os funcionários da instituição reclamam de, praticamente, tudo. En­­tre os pedidos urgentes, emergenciais, estão a reforma geral, do chão ao teto, incluindo, principalmente, uma revisão da mentalidade de quem atua na cúpula da instituição pública.

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A classe artística raramente costuma ser unânime em relação a um assunto, mas parece haver uma exceção: todos estão com a esperança de que a área cultural no Paraná vai entrar em um "novo tempo". O otimismo tem explicação. Depois de duas gestões seguidas do governador Roberto Re­­quião, que canalizou a maior parte do dinheiro e da atenção para o Museu Oscar Niemeyer (MON), há sinais de que tudo, ou muito, poderá mudar.

Ano ruim

O secretário da Cultura, Paulino Viapiana, tem noção da expectativa da classe, mas sabe que este ano não poderá promover nenhuma transformação radical. O motivo? O orçamento anual da pasta, de R$ 84 milhões, é suficiente apenas para a manutenção das estruturas da secretaria e o pagamento do salário dos funcionários. Via­­pia­­na, que traz no currículo uma bem-sucedida temporada de seis anos à frente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), aposta tudo na criação da Lei Estadual de Incen­­tivo à Cultura, nos moldes da que funciona na capital – que destina o di­­nheiro de renúncia fiscal de em­­presas para viabilizar peças de teatro, gravação de CDs e outros projetos.

Oswaldo Rios, integrante do conjunto musical Viola Quebrada, a atriz Claudete Pereira Jorge e o produtor Alvaro Collaço são alguns dos muitos que têm esperança na aprovação dessa lei para "salvar a lavoura" da cultura local. O texto será elaborado no primeiro semestre e, depois de julho, o projeto deve ser encaminhado para votação na Assembleia Legislativa. A meta de Viapiana é que, em 2012, o mecanismo de fomento já esteja funcionando.

O compositor Vadeco acredita que essa lei estadual será bem-vinda, mas pondera que, sem um plano estadual de cultura, não haverá avanços e conquistas reais. "Editais são úteis, mas é necessário criar um cronograma para a comunidade se organizar", diz o artista. Marcia Moraes, produtora cultural e integrante da CiaSenhas de Teatro, pega carona no discurso de Vadeco e completa que, mais do que a lei estadual, os editais e outros mecanismos de incentivo, o que importa neste momento é a construção de uma política pública de cultura para o estado.

Boas intenções

"Há tudo por ser feito", afirma Marcia. Ela, Vadeco, outros artistas e produtores comentam que a equipe de Viapiana demonstra interesse em dialogar – algo que não aconteceu durante os oito anos do governo Requião. Mas, completam os entrevistados pela Gazeta do Povo, as boas intenções e a experiência de Viapiana na Fundação Cultural de Curitiba (FCC) não são garantias de que as promessas serão colocadas em prática.

"Um estado é diferente de uma cidade. Será que um artista de um município pequeno, do interior, vai ter conhecimento para preencher um edital? Quem vai capacitar as pessoas? Os desafios do atual governo são muitos. É necessário, por exemplo, fazer um mapeamento, descobrir as carências e demandas das diferentes regiões do Paraná", observa Marcia, também integrante do Movimento de Teatro de Grupo de Curitiba.

Pela profissionalização

Enquanto um realizador de audiovisual como Paulo Munhoz defende que a Paraná Educativa, a rede pública de televisão, passe a veicular a produção de artistas locais, o casal Cláudia da Natividade e Marcos Jorge deseja que o governo incentive, de fato, a produção de cinema.

Cláudia a Jorge são os responsáveis por Estômago, longa-metragem que conquistou mais de 30 prêmios no Brasil e no exterior. O filme teve muitas de suas imagens captadas em Curitiba. Dois Se­­ques­­tros, o próximo projeto deles, que já conta com recursos federais e internacionais, precisa de mais verba para ser realizado. Eles esperam que o governo do Paraná, em alguma medida, venha a patrocinar a proposta – caso contrário a saída será filmar em outra capital.

"Estômago contribuiu para o aumento da autoestima dos curitibanos e paranaenses, pois muitas cenas do filme mostram Curitiba. Isso teve repercussão. O cinema é responsável pela formação da identidade de um povo. Mas o governo precisa investir na produção", afirma o cineasta.

Vadeco complementa a fala de Jorge: cultura é um negócio, basta observar a indústria do Carnaval na Bahia. "No Paraná, temos uma diversidade riquíssima. Vamos deixar de ser ingênuos. Por que não profissionalizar o setor?", pergunta o compositor, que sonha com a soma de forças entre iniciativas pública e privada para fazer do Paraná um polo de cultura.

Sem "oba-oba"

O escritor e editor Roberto Gomes, colunista da Gazeta do Povo, não espera "muita coisa" das ações do governo. "Digo isso pela minha experiência, ao observar, durante anos, que as políticas públicas privilegiam ora uma área, ora outro segmento", diz Gomes, acrescentando que somente uma ação em conjunto, que integrasse todas as atividades culturais, sem "oba-oba", poderia dar forças às muitas expressões artísticas que já existem no Paraná, mas que ainda não acontecem em sua plenitude.

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