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Os escritores de texto para teatro estão à beira de entrar na lista de animais em extinção. Cada vez mais, os diretores e atores pensam em adaptar romances, contos e até ensaios ao invés de colocar em cena algo escrito originalmente para teatro. Além disso, os grupos aderiram, em tempos recentes, à onda da criação coletiva, em que todos são responsáveis por construir juntos a trama que será montada. Mesmo assim, há quem insista bravamente em ser dramaturgo e em pensar as melhores formas de se contar uma história no palco.

O Ciclo Novas Leituras, mostra de dramaturgia que o Centro Cultural Teatro Guaíra começa hoje, tenta revelar quais são os melhores representantes da nova safra de autores que se dedicam à produção de peças. Trata-se de uma continuação do projeto iniciado no ano passado, com curadoria de Fernando Kinas, para fazer um panorama do teatro mundial. Em 2005, as leituras dramáticas foram feitas a partir de textos de todo o mundo. Agora, serão visitados oito escritores latino-americanos.

No primeiro ano, o projeto foi considerado um sucesso pela diretoria do Guaíra. Cerca de 2,1 mil pessoas assistiram às apresentações, sendo que em algumas sessões houve casa lotada, o que não era esperado nem para um projeto do gênero, nem para uma noite de terça-feira, quando as atividades eram realizadas. Por isso, o teatro decidiu investir novamente na idéia em 2006.

Para a diretora artística do Guaíra, Nena Inoue, centrar o projeto no continente é importante porque o teatro latino-americano é quase inteiramente desconhecido para o público brasileiro. "Não são textos a que temos acesso fácil", comenta. "E importante que a gente conheça a realidade de nossos vizinhos, até para saber o que nos une, o que nos move", afirma.

A primeira leitura será do texto Potestad, escrito pelo argentino Eduardo Pavlovsky. A peça mostra a época mais terrível da vida política do país nos últimos anos, durante a ditadura militar que durou do fim dos anos 70 ao começo dos anos 80. A direção da leitura será feita por Fátima Ortiz, coordenadora do grupo de teatro Pé no Palco. Os nomes dos diretores das próximas leituras ainda não foram divulgados.

Neste ano, o número de leituras dramáticas do projeto será reduzido. Em 2005, eram realizadas duas por mês. Agora, serão apenas oito no total, uma no começo de cada mês, de abril a novembro. Isso dá condições ao Guaíra de aumentar o investimento feito em cada uma das sessões. Para este ano, estão previstos R$ 70 mil para o ciclo. No fim do ano, em dezembro, será realizado um debate para discutir o panorama mostrado durante a temporada e tentar chegar a algumas conclusões sobre o teatro sul-americano atual.

As leituras acontecem sempre na primeira terça-feira de cada mês, no Teatro José Maria Santos. Depois das peças, são realizados bate-papos entre diretor, atores e o público presente. O evento é gratuito e aberto ao público.

Serviço: Potestad. Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655), (41) 3322-7150. Texto de Eduardo Pavlovsky. Direção de Fátima Ortiz. Hoje, às 20 horas. Entrada franca.

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