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Poucos cineastas em atividade hoje podem vangloriar-se de ter acumulado oito indicações ao Oscar com apenas dois longas-metragens, realizados em um espaço de tempo pouco maior do que três anos. O brasileiro Fernando Meirelles tem esse direito. Depois de concorrer ao prêmio máximo da indústria cinematográfica em quatro categorias, incluindo melhor diretor, por "Cidade de Deus" (2002), Meirelles está de volta à festa neste domingo à noite com "O Jardineiro Fiel", que disputa outras quatro estatuetas douradas: melhor atriz coadjuvante (Rachel Weisz), roteiro adaptado, trilha sonora e edição.

Para muitos, Meirelles foi injustiçado ao não ter obtido sua segunda indicação ao prêmio de direção. Seu trabalho em "O Jardineiro Fiel" teria sido preterido injustamente. O cineasta paulista, entretanto, não parece estar muito preocupado ou ressentido com o suposto "esquecimento" de seu nome neste ano. Vai assistir à entrega do Oscar no interior de São Paulo, em uma propriedade rural que mantém para temporadas de descanso com a família. Diz, entretanto, que estará torcendo por seus companheiros de trabalho.

Ao contrário de "Cidade de Deus", que não venceu em qualquer das quatro categorias nas quais foi indicado, "O Jardineiro Fiel" tem sólidas chances de levar pelo menos um Oscar nesta noite, o de melhor atriz coadjuvante. A britânica Rachel Weisz ganhou o Globo de Ouro e o SAG, conferido pelo Sindicato dos Atores de Hollywood, o que a coloca na posição de favorita na disputa. Sua maior rival é Michelle Williams, por "O Segredo de Brokeback Mountain".

No filme de Meirelles, Rachel vive o papel de Tessa, uma ativista de esquerda que morre em nome de sua luta contra os desmandos perpetrados pela indústria farcêutica no Quênia, páis da África Oriental. Casada com um conservador diplomata inglês, vivido por Ralph Fiennes (de "O Paciente Inglês"), Tessa não aparece muito no filme, mas é um das maiores forças da produção britânica, que custou US$ 24 milhões e já rendeu perto de US$ 72 milhões internacionalmente, tornando-se um dos sucessos inesperados de 2005.

É a primeira indicação de Rachel Weisz ao Oscar. A atriz, no entanto, tem no currículo trabalhos relevantes tanto em blockbusters, como os dois filmes da série "A Múmia", quanto em produções menos comerciais, como o drama "Sunshine", no qual também contracenou com Ralph Fiennes.

Adaptação

Fernando Meirelles, caso "O Jardineiro Fiel" ganhe o Oscar de roteiro adaptado, mereceria pelo menos um pedaço da estatueta – uma das pernas, talvez. Ele e Braulio Mantovani, indicado ao prêmio por "Cidade de Deus", trabalharam – e fizeram modificações significativas – na adaptação de Jeffrey Caine para o best seller do britânico John Le Carré. Segundo o diretor brasileiro, a primeira versão do roteiro era mais linear e previsível.

Além da excelente direção de Meirelles e da impactante fotografia do uruguaio Cesar Charlone (também indicado ao Oscar por "Cidade de Deus"), um dos pontos altos de "O Jardineiro Fiel" é a montagem de Claire Simpson, já vencedora de uma estatueta por "Platoon", de Oliver Stone. A edição do filme consegue imprimir ritmo e tensão à narrativa, dando saltos temporais e geográficos que mantêm o espectador sempre envolvido pela história. Para vencer de novo, contudo, Claire terá de bater o favorito na categoria, "Crash – No Limite".

Também com poucas chances de vitória é a bela trilha sonora do espanhol Alberto Iglesias, conhecido internacionalmente por sua parceria com o conterrâneo Pedro Almadóvar. Juntos fizeram, entre outros filmes, os oscarizados "Tudo sobre Minha Mãe" e "Fale com Ela". Na bolsa de apostas da revista Variety, que lidera essa corrida é o argentino Gustavo Santaollala (de "O Segredo de Brokeback Mountain") e John Williams, que venceu o Globo de Ouro e o Bafta, da Academia Britânica de Cinema, por "Memórias de uma Gueixa".

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