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Bono e Mullen Jr., em março: jogada de marketing | Lucas Jackson/Reuters
Bono e Mullen Jr., em março: jogada de marketing| Foto: Lucas Jackson/Reuters

Remoção

Songs of Innocence estará disponível no iTunes gratuitamente até o dia 13 de outubro. Mas para quem involuntariamente já o adquiriu e não quer vê-lo em sua biblioteca de música, a Apple forneceu uma ferramenta para remover o álbum.

O usuário deve acessar o endereço https://itunes.com/soi-remove, clicar em "Remove Album" e fornecer o ID Apple e senha usado para compras na iTunes Store.

Se você foi um dos 500 milhões de usuários da Apple presenteados com o novo disco do U2 no último dia 9, não espere por outras grandes surpresas relacionadas a Songs of Innocence, décimo terceiro título e primeiro álbum de inéditas da banda irlandesa em cinco anos. O trabalho, embalado por cinco diferentes produtores e talhado com os melhores recursos humanos e tecnológicos disponíveis na indústria da música, não caminha longe da trilha seguida pelo grupo desde All That You Can’t Leave Behind (2000). Songs of Innocence guarda algumas faixas potentes, prontas para ressoarem nas maiores arenas no mundo, e traz flertes interessantes com estilos como o pós-punk. Mas uma maioria de canções médias, de melodias tanto belas quanto açucaradas e letras por vezes triviais, prevalece sobre momentos mais inspirados como "Iris" – uma homenagem de Bono Vox à mãe, morta quando o vocalista tinha 14 anos.

O tom confessional é um dos motes do disco, batizado com o título de uma coleção de poemas do poeta inglês William Blake (1757-1827), Canções de Inocência e de Experiência. Ao lado de The Edge (guitarra), Adam Clayton (baixo) e Larry Mullen Jr. (bateria), Bono canta sobre a rua em que cresceu , em "Cedarwood Road"; lembra a explosão de um carro bomba perto de sua casa em Dublin, em "Raised by Wolves"; e celebra a música ao prestar tributos a influências em "This Is Where You Can Reach Me Now", dedicada a Joe Strummer (The Clash), e "The Miracle", que fala da descoberta dos Ramones. "Eu acordei no momento em que o milagre aconteceu/ Ouvi uma canção que fez algum sentido no mundo."

É um olhar romântico para o passado que vale contemplar, mas que sofre com o ruído da agressiva jogada de marketing que mandou o álbum goela abaixo de muita gente que não tinha nada a ver com os planos da banda e da Apple. De acordo com informação divulgada pela empresa, 33 milhões de pessoas já ouviram o disco, que tem o caminho pavimentado para uma turnê grandiosa. Mas um número notável delas, com razão, reclamou, e acabou forçando a gigante norte-americana a oferecer uma ferramenta para apagar o disco de suas contas (confira acima). Foi um lembrete, se é que era necessário, de que o U2 não vive seu momento de maior popularidade, e tampouco é unânime – vide as críticas divididas ao disco.

Pode ser que mereça mais boa vontade um trabalho de senhores na reta final de suas carreiras. Mas, quando uma visita chega sem avisar, espera-se que ela traga boas novas – o que pode não ser o caso de Songs of Innocence.

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