
Quando foi escolhida pelo próprio padre José Penalva (1924-2002) para ser a guardiã de todos os manuscritos da importante obra do músico e teólogo paranaense, a professora e historiadora social da arte Elisabeth Prosser resolveu ir além. Convencida de que as partituras de obras como 4 Internacionais, 3 Madrigais e Tríptico Dom Quixote eram um patrimônio da música, ela entrou na briga por espaços institucionalizados para documentação da arte paranaense, e acabou ajudando a criar o Espaço José Penalva, nas dependências do Studium Theologicum, em 2002. A admiração pelo compositor e cientista também fez com que Elisabeth se envolvesse em um concerto de homenagem ao padre um ano depois de seu falecimento, o que resultaria no primeiro Festival Penalva, em 2003, que, no ano seguinte, passaria a incluir uma mostra de música paranaense.
A iniciativa do então pequeno grupo de músicos se tornou um importante festival, que chega à sua terceira edição em 2011 e acontece de hoje a segunda-feira, em Curitiba (Veja o serviço completo do festival no Guia Gazeta do Povo). Mais de 200 músicos estão envolvidos no evento, que inclui mesas redondas, palestras e concertos dedicados a mais de 40 compositores paranaenses. Além de Penalva, estão representados Henrique de Curitiba, Jaime Zenamon, Alceu Bocchino e Bento Mossurunga (veja a programação completa no quadro ao lado). "É um evento que, no fim, acabou tomando a forma de uma festa da música erudita paranaense", disse Elisabeth, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo. "O Festival Penalva está se tornando a única maneira de conhecer tudo o que tem sido composto aqui, incluindo novos compositores, com obras magníficas."
Além da programação, que será gravada para servir como fonte de pesquisa, o festival homenageará com o Prêmio Penalva duas personagens importantes para a música paranaense: Henriqueta Garcez Duarte, que criou e participou da direção dos festivais internacionais de música de Curitiba, de 1965 a 1977, e Ingrid Müller Seraphim, responsável pelas oficinas de música de 1983 a 2001. "Eventos como esses, além da Escola de Música e Belas Artes do Paraná e da Faculdade de Artes do Paraná e da UFPR, contribuíram para que Curitiba fosse não só um polo para todo o Brasil como também para que a própria música feita aqui fosse renovada, oxigenada e se tornasse de ponta", diz Elisabeth.
Museu
A programação do evento inclui a inauguração do Museu Claretiano de Curitiba, que funcionará anexo à Igreja do Imaculado Coração de Maria (Rua Getúlio Vargas, 1.193), e terá, além do acervo que remonta à chegada dos claretianos em Curitiba, em 1905, um espaço dedicado a José Penalva, incluindo partituras e objetos pessoais. O projeto é uma continuação do trabalho que criou o Espaço José Penalva. O local funcionará de segunda a sexta, das 13 às 18 horas, e aos sábados, das 13 às 16 horas. Futuramente, deve funcionar como um centro documental para pesquisa de partituras e métodos de estudo de música criados por Penalva.
Serviço:
3º Festival Penalva / 2ª Mostra de Música Paranaense. De 13 a 17 de outubro.
Auditório da Embap (R. Francisco Torres, 253), (41) 3223-1129.
Auditório Brasílio Itiberê (SEEC) (R. Cruz Machado, 138), (41) 3321-4711.
Studium Theologicum/Igreja do Imaculado Coração de Maria (Av. Getúlio Vargas, 1.193), (41) (41) 3224-9574.
TUCA (R. Imaculada Conceição, 1.155), (41) 3271-1434.
Solar do Rosário (R. Duque de Caxias, 04), (41) 3225-6232.
Canal da Música (R. Júlio Perneta, 695), (41) 3331-7500.
Os ingressos para os concertos à noite e no domingo de manhã custam R$5 mais um quilo de alimento. O restante da programação, que pode ser vista nos sites www.embap.br, www.claretiano.edu.br e www.studium.com.br, é gratuita.