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Roberto de Regina, hoje com 87 anos, esteve à frente do grupo desde sua fundação, em 1974, até meados de 2001 | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Roberto de Regina, hoje com 87 anos, esteve à frente do grupo desde sua fundação, em 1974, até meados de 2001| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

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Coro da Camerata Antiqua de Curitiba com Roberto de Regina

Capela Santa Maria Espaço Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 273), (41) 3321-2840. Dia 26, às 20 horas, e dia 27, às 18h30. Palestras com Elisabeth Prosser sobre a história da Camerata Antiqua de Curitiba às 19h15 (dia 26) e às 17h45 (dia 27). R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada).

A maioria dos atuais integrantes da Camerata Antiqua de Curitiba não chegou a trabalhar com Roberto de Regina, maestro emérito e fundador do grupo em 1974. Alguns de seus membros entraram na orquestra há apenas cerca de quatro anos, enquanto o último concerto com o regente aconteceu em janeiro de 2001, de acordo com a historiadora da arte Elisabeth Prosser.

Partiu dos integrantes mais novos, no entanto, a ideia de voltar a se apresentar com o regente no ano em que a Camerata completa quatro décadas. O maestro emérito rege o Coro da Camerata nesta sexta-feira e sábado, na Capela Santa Maria.

"Os membros mais antigos ficaram surpresos. Nos alegramos, porque somos cria do Roberto de Regina", conta a soprano Darci Almeida, coordenadora do Coro. "Logo no primeiro ensaio, começaram os comentários sobre a vitalidade dele, aos 87 anos, com tantas ideias vivas sobre esse repertório na memória", diz.

O programa será composto por madrigais do francês Clément Janequin (1485-1558), um repertório bem conhecido pelo grupo. "Quando era regente, trabalhamos muito a música da Renascença. Era uma saudade que o pessoal tinha", conta Roberto de Regina. "Será uma espécie de ‘revival’", brinca.

Pesquisador apaixonado pela música antiga, De Regina lembra que os madrigais, na época da Renascença, eram uma atividade social. "As pessoas se encontravam e cantavam a produção mais recente. A música fazia parte da sociedade", explica.

Fazendo questão de que a música seja entendida, o maestro decidiu fazer deste um concerto cênico, com ajuda de Pagu Leal na direção. "Quando o público entende o que está sendo cantado, ouve a música com muito mais prazer", defende.

O trabalho com o Coro tem sido intenso nas últimas duas semanas – tempo considerado curto para trabalhar em detalhes todos os recursos usados por Janequin em suas composições, conforme explica De Regina. Para o maestro, o compositor foi um mestre em utilizar as vozes para produzir efeitos descritivos, como em em "Le Chant des Oyseaux: Réveillez Vous" – que descreve o canto dos pássaros – e em "Voulez Ouyr les Cris de Paris" – que remete aos gritos dos pregoeiros e precisa ser cantado em um francês menos formal, além da atenção à pronúncia do francês arcaico. "Em ‘La Guerre’ é possível ouvir o corpo a corpo da batalha, os gritos de vitória. Se você fechar os olhos, quase pode ver. A música de Janequin era poderosa nesse sentido", explica De Regina.

O Coro tem respondido bem ao desafio, de acordo com o regente, que diz ter uma relação especial com a Camerata. Hoje dedicado à sua própria capela em Guaratiba (RJ), onde faz recitais de cravo regularmente, De Regina lembra do grupo curitibano como um dos trabalhos mais importantes de sua carreira. "Durante muito tempo a Camerata Antiqua foi o único grupo no Brasil a se especializar na música antiga. Fizemos gravações e o grupo foi firmando seu nome no país", avalia o maestro. "Esse grupo me deu a chance de dar grandes voos na música, regendo algumas das maiores obras da humanidade", lembra.

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