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A câmera nervosa e os cortes ultra-rápidos da seqüência inicial já dão a dica da origem do diretor de Spun – Sem Limites, filme de 2002, atração da tevê paga há alguns anos, mas que só agora está sendo lançado em DVD. O clipeiro sueco Jonas Akerlund estréia na direção de longas-metragens em uma fita de estética moderna, notadamente influenciada por trabalhos elogiados como Trainspotting (Danny Boyle) e Réquiem para um Sonho (Darren Aronofsky), também apresentando personagens viciados em drogas. Se o espectador não é muito fã de filmes nessa linha, é melhor nem passar muito perto de Spun, que traz algumas situações até mais pesadas.

A direção seguida nesse primeiro filme é algo até esperado de quem foi responsável pelo polêmico clipe da música "Smack My Bitch Up", do Prodigy, proibido em várias tevês do mundo ou veiculado com restrições por conta da grande quantidade de sexo, drogas e violência – na MTV brasileira, só podia passar depois da meia-noite. Akerlund também dirigiu vídeos de Madonna (Ray of Light e o show da mais recente turnê da cantora), U2 (Beatiful Day), Smashing Pumpkins (Try, Try, Try) e Moby (Porcelaine).

Em Spun (gíria para "chapado"), o diretor aposta mais no visual e em algumas situações e personagens do que em uma história propriamente dita. E dá-lhe efeitos visuais para demonstrar a ingestão das drogas e sua absorção pelo corpo – nenhuma novidade em relação ao já visto nos citados Trainspotting e Réquiem. Mas Akerlund inclui algumas animações bem sacadas, apesar de rápidas, que representam as viagens alucinógenas de Ross, papel central do filme, vivido pelo ator Jason Schwartzman, revelado em Três É Demais (primeiro filme de Wes Anderson, de Os Excêntricos Tenenbaums) e que segue carreira fazendo alguns personagens "disfuncionais", como no recente Garota da Vitrine.

Um dos aspectos mais interessantes de Spun é identificar os famosos atores do elenco, alguns quase irreconhecíveis em seus papéis de viciados como Mena Suvari (a menina que vira a cabeça de Ke-vin Spacey em Beleza Americana) e Patrick Fugit (o jovem protagonista de Quase Famosos). Destacam-se também John Leguizamo (Moulin Rouge, Verão de Sam), Mickey Rourke (Nove Semanas e 1/2 de Amor, Sin City), Brittany Murphy (Sin City, 8 Mile – Rua das Ilusões) e Debbie Harry (vocalista do Blondie). Há ainda pontas de Ron Jeremy (famoso ator pornô dos anos 70 e 80), Rob Halford (vocalista do Judas Priest) e Billy Corgan (ex-Smashing Pumpkins), autor da boa trilha original do filme.

A trama fala de três dias na vida de Ross. Na procura por drogas, ele se envolve com uma turma para lá de estranha e louca: o vendedor Spider White (Leguizamo) e sua namorada Cookie (Suvari), o freak Frisbee (Fugit), o químico preparador de drogas Cook (Rourke) e sua pirada companheira Nik-ki (Murphy), além da vizinha lésbica (Harry). Sem muito dinheiro, Ross aceita ser motorista de Cook em troca de alguns papelotes, serviço que acaba tomando todo o seu tempo. Seqüências escatológicas, outras muito divertidas e algumas absurdas formam o pacote dessa nova viagem cinematográfica ao mundo dos viciados. Nada que empolgue muito, mas diverte quem gosta desse gênero de filme.

Akerlund prepara The Horsemen, que deve estrear este ano nos EUA. O filme tem no elenco Dennis Quaid (Longe do Paraíso) e Zhang Ziyi (O Clã das Adagas Voadoras) e fala sobre um detetive que investiga um serial killer que teria ligação com os bíblicos Quatro Cavaleiros do Apocalipse. GGG

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