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Referências

Para conhecer mais sobre a vida e a obra de Jack Kerouac e sobre o processo criativo e prático da escrita do clássico On the Road - Pé na Estrada, a editora L&PM conta com boas opções em seu catálogo. Confira algumas delas:

• Geração Beat, de Jack Kerouac (Tradução de Edmundo Barreiros. L&PM Pocket, 128 págs., R$ 10)

Escrita em 1957, mesmo ano de publicação de On the Road – Pé na Estrada, a peça de três atos foi enviada pelo escritor a vários produtores, que a recusaram. O texto ficou engavetado durante 50 anos e foi redescoberto em 2005, pelo agente de Kerouac, Sterling Lord, em um galpão de Nova Jérsei. A peça narra um dia na vida do boêmio Jack Duluoz, alter ego do escritor, e um grupo de amigos que passa o dia apostando em cavalos e jogando conversa fora.

• Diários de Jack Kerouac, 1947 – 1954 (Tradução de Edmundo Barreiros. L&PM, 359 págs., R$ 49)

Seleção de anotações dos diários escritos durante o período mais crucial da vida de Kerouac, editada pelo historiador Douglas Brinkley. Os registros vão de 1947, quando ele tinha 25 anos e lutava para terminar seu primeiro romance, The Town and the City, até 1954. Kerouac relata grande parte dos acontecimentos imortalizados em On the Road, discorre sobre sua devoção por um catolicismo místico e narra histórias de suas viagens pelos quatro cantos dos EUA.

• Kerouac, de Yves Buin (Tradução de Rejane Janowitzer. L&PM Pocket, 264 págs., R$ 17)

De autoria do escritor e psiquiatra francês Yves Buin, a biografia percorre um longo trajeto temporal – da origem da família Kerouac aos últimos momentos de seu representante mais célebre, Jack (originalmente Jean-Louis). Destaque para as passagens em que o autor relata o relacionamento de Kerouac com os parceiros William Burroughs, Allen Ginsberg, Lucien Carr e Neal Cassidy, com direito a passagens escritas pelos mesmos a respeito de Kerouac e uma análise cuidadosa da influência exercida por cada um nas histórias do autor.

Na madrugada de 4 de setembro de 1957 o escritor de origem franco-canadense Jack Kerouac (1922 – 1969) e sua então namorada, Joyce Johnson, com quem vivia em um apartamento no bairro Upper East Side, em Nova Iorque, saíram de casa em direção à banca de jornais mais próxima.

A intenção do casal era esperar a chegada do caminhão que traria a edição seguinte do jornal The New York Times, em que seria publicada uma resenha do crítico Gilbert Millstein, sobre o recém-lançado On the Road – Pé na Estrada, segundo livro de Kerouac, concebido e escrito entre 1948 e 1951. Já se vai meio século desde então.

Após pegarem um exemplar do jornal diretamente do bagageiro do caminhão, Jack e Joyce, sob a luz de um poste, leram apressadamente a crítica, que já começava chamando o livro de "uma autêntica obra de arte", cuja publicação era "uma ocasião histórica (...) a mais bem executada e profundamente importante já realizada pela geração batizada pelo próprio Kerouac há alguns anos como ‘beat’ e da qual ele é o principal expoente".

No dia seguinte, o telefone da casa de Joyce não parou de tocar um segundo sequer. Repórteres de todos os cantos do país queriam entrevistar Kerouac, que havia passado a primeira parte de sua vida tentando obstinadamente criar uma obra-prima ou "o grande romance", de acordo com as palavras do amigo e escritor Allen Ginsberg (1926 – 1997).

Os jornalistas, contudo, não estavam interessados no processo de composição de On the Road, nos objetivos de Kerouac como escritor, nas inúmeras viagens que inspiraram a narrativa, ou no desenvolvimento da chamada "prosódia espontânea e bebop", marcada pelo ritmo sincopado de diálogos e pensamentos.

O interesse da imprensa estava na explicação do termo ‘beat’ e na satisfação da curiosidade pública em relação ao estilo de vida do bando de "vagabundos errantes" que vagavam pela América em busca de algo que nem eles eram capazes de precisar.

Do dia para a noite, Kerouac viu-se pressionado a assumir as características do herói aventureiro Dean Moriarty (protagonista da história, inspirado na figura do amigo Neal Cassidy, com quem, de fato, Kerouac viajou através dos EUA). Seu alter ego era, na verdade, o personagem Salvadore Paradise, escritor pouco inspirado, que decide seguir o amigo errante em busca de idéias para um romance.

A fama acabou ressaltando em Kerouac os traços mais frágeis de sua personalidade – timidez, instabilidade, desconfiança em relação ao outro – e ele revelou-se incapaz de corresponder ao posto de embaixador beatnik (em entrevistas, insistia em definir-se apenas como um "estranho místico católico solitário") e às conseqüências de seus escritos, apelando para o álcool, que viria a causar sua morte 12 anos mais tarde.

Hoje, na semana seguinte ao aniversário de 50 anos da publicação de On the Road, a certeza que permanece é a de que o mito Kerouac sobrevive – o livro ainda hoje vende cerca de cem mil cópias por ano. Assim como o merecido reconhecimento de suas habilidades como escritor e sua posição de autor de um dos grandes clássicos da literatura norte-americana – atualmente, ele é situado no mesmo patamar de obras como O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald (1896 – 1940), e As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain (1835 – 1910).

Em sua "primeira e única tentativa de escrever um romance tradicional", segundo ele mesmo escreveu, Kerouac reproduziu os sons tristes de uma América vista como uma espécie de terra-santa, que acolheu sua família de imigrantes.

Seguiu os sábios conselhos de Neal Cassidy, para quem o escritor era indissociável de sua vida. Vagou estrada afora em busca da "plenitude absoluta", anotou tudo nos mínimos detalhes e voltou para imortalizar sua história. Acabou concebendo uma narrativa de liberdade pessoal que, apesar de ter contribuído imensamente em seu processo de autodestruição, até hoje desafia a (falsa?) promessa do sonho americano.

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Serviço: On the Road – Pé na Estrada, de Jack Kerouac (Tradução de Eduardo Bueno. L&PM Pocket, 384 págs., R$ 19,50).

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