• Carregando...
Corpo humano "fatiado" é uma das grandes atrações da exposição em cartaz no Palladium Shopping Center | Divulgação
Corpo humano "fatiado" é uma das grandes atrações da exposição em cartaz no Palladium Shopping Center| Foto: Divulgação
  • Músculos tensionados numa jogada de basquete podem ser vistos na mostra

Estômagos fracos talvez sintam mal-estar nos primeiros minutos da exposição O Fantástico Corpo Humano (confira o serviço completo da exposição). Se esse for o seu caso, repita para si mesmo: "Eles não são de verdade". Muito embora sejam.

As peças que fazem parte da mostra que está em cartaz no Shopping Palladium são partes de corpos de verdade, tratados com polímeros, acetona e outros componentes químicos para que ganhem a aparência de plástico. O método, chamado de plastinização, permite que órgãos, vasos sanguíneos, nervos e outras partes do ser hu­­mano sejam analisados – daí ser um artifício útil para a ciência.

A exposição que veio para a América Latina é um recorte significativo da versão integral e corresponde apenas aos modelos asiáticos – perceba os olhos puxados dos indivíduos expostos. E a palavra "expostos" tem aqui um significado extremo porque pode-se ver músculos, ossos e entranhas que formam o corpo humano.

Parte do encanto exercido pelos modelos é o fato de serem reais. De um ponto de vista científico, impressiona pelas informações que oferece, pelo mundo interior que revela. Diante dos modelos, é estranho falar em "indivíduos" – como este texto fez no parágrafo anterior. O título escolhido é simples e preciso quando fala em "corpo humano". Eles são objetos de estudo, mas devem suscitar várias questões religiosas envolvendo a alma, complicadas demais para se abordar agora.

De qualquer forma, é simbólico o detalhe de que os olhos dos modelos são a única parte falsa dos corpos em exposição – além dos fios e arames necessários para colocar um esqueleto em pé ou dar forma a um emaranhado de veias e artérias. Po­­de-se discutir se os olhos têm mesmo alguma relação com a alma – servindo de janela, espelho ou qualquer outra metáfora –, mas é fato que os corpos na exposição não têm mais olhos.

O percurso de O Fantástico Corpo Humano é dividido em esqueleto, músculos, desenvolvimento do fe­­to etc. A iluminação procura valorizar as peças apresentadas e isso funciona particularmente na parte dedicada ao sistema circulatório. As chamadas "amostras vasulares" foram conseguidas com po­­límero colorido – isso tudo é ex­­plicado em placas e cartazes espalhados pelas paredes.

O polímero é injetado no corpo e, em seguida, endurece, assumindo a forma dos vasos. Ácidos dissolvem os órgãos e o resultado parece um aglomerado de fios, montados na forma humana para se ter ideia de como o sangue percorre o organismo.

Os órgãos que mostram o efeito de doenças impressionam vários visitantes. Andiara Fontoura sobreviveu a um câncer de mama e estava lá porque queria saber exatamente o aspecto dos órgãos atingidos pela doença. Quando este repórter conta que se sentiu mal ao entrar na exposição, Andiara sorri e diz para a filha: "Homem é assim mesmo".

A filha, Daniele Fontoura, é enfermeira e também estava interessada em ver como as doenças afetam o corpo. O estudante de Medicina Bernardo Lattmann falou da "beleza plástica" do sistema circulatório. "Na universidade, eu não tinha visto corpos inteiros como estes aqui", disse.

Para tentar criar uma narrativa dentro da mostra, adotou-se como tema a saúde. Entre uma explicação e outra, aparecem cartazes com mensagens positivas como: "Cuide-se muito!" ou listando as atividades necessárias para "manter a capacidade cognitiva durante toda a vida". Uma seção mostra os efeitos do cigarro no sistema respiratório, exibindo um pulmão saudável (de aparência esponjosa) ao lado de outro carcomido pelo fumo (que parece um granito).

A reportagem visitou a exposição na tarde de segunda-feira. Dependendo do horário, pode haver fila em frente ao quiosque da bilheteria.

Serviço:

O Fantástico Corpo Humano (confira o serviço completo da exposição). Palladium Shopping Center (Av. Presidente Kennedy, 4.121), (41) 3212-3500. 2ª a 6ª das 11h às 22h; sáb. das 10h às 22h; e dom. das 11h às 20h. R$ 40 e R$ 20 (2ª a 6ª) e R$ 50 e R$ 25 (sáb. e dom.). Meia-entrada para estudantes, menores de 12 anos, professores, doadores de sangue e maiores de 60 anos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]