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Tom Lisboa escolheu a Santos Andrade para a Brinquedografia | Henry Milleo / Gazeta do Povo
Tom Lisboa escolheu a Santos Andrade para a Brinquedografia| Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo

Lançamento

Intervenção Urbana Brinquedografia

Escola Omicron (R. Padre Germano Mayer, 2.200 – Hugo Lange), (41) 3252-1093. Hoje, às 19h30. Palestra com Tom Lisboa. Serão sorteadas para o público 10 câmeras do projeto. Vagas limitadas. Entrada franca.

  • As câmeras trazem mensagens de autores consagrados

Ele já soltou balões com folhas de árvores amarradas, que traziam mensagens impressas, e instigou os passantes com suas polaroides invisíveis espalhadas pela cidade. Há 10 anos, o artista visual Tom Lisboa começou a fazer intervenções urbanas em Curitiba, com obras facilmente removíveis e que não danificam o mobiliário da cidade. O mês escolhido? Sempre o mesmo, maio. Desta vez, o artista traz o projeto Brinquedografia, que será distribuído por praças, parques, cinemas e shoppings até o dia 31. Em comemoração ao trabalho de uma década, Lisboa realiza hoje, às 19h30, na escola de fotografia Omicron, uma palestra sobre essa trajetória, além do lançamento oficial do trabalho de 2013.

A nova intervenção traz câmeras fotográficas de brinquedo compradas em uma loja de produtos vendidos por R$ 1,99 (que exibem um desenho sempre que se aperta o botão). Porém, essas imagens internas foram substituídas pelo artista, que desmontou as câmeras e inseriu textos de até 85 caracteres com reflexões de autores que aprecia, como Lucia Santaella, Susan Sontag, Vilém Flusser, Umberto Eco, Jacques Aumont e Philippe Dubois.

Segundo Lisboa, o projeto aplica de forma lúdica uma afirmação de Flusser, autor de A Filosofia da Caixa Preta, segundo a qual o fotógrafo é uma pessoa que procura inserir na imagem informações imprevistas pelo aparelho fotográfico. "Inconformado com as limitadas possibilidades que os aparelhos produzidos pela indústria nos oferecem, o autor acredita que cabe ao artista desenvolver maneiras de expandir os limites previstos na máquina, ao interferir diretamente em seus mecanismos", explica.

Com o compromisso assumido de realizar uma intervenção anual (que custe sempre até R$ 300, para não depender de patrocinadores), o artista escolheu o objeto mais pelo aspecto lúdico e da cor, antes mesmo de pensar em inserir as frases, e espera gerar situações de impacto pelo estranhamento de encontrar câmeras fotográficas de brinquedo em locais inusitados. Ele, inclusive, quer que elas sejam surrupiadas pelo espectador. "Tomará que roubem. Pretendo até fotografar alguns locais onde deixarei as câmeras para divulgar no Facebook, e estimular isso. Gosto que o público se aproprie das obras que coloco na rua e as levem para um novo espaço [suas casas]. Sinal de que o diálogo artista-espectador teve resultado", acredita.

Trajetória

Quando iniciou seu projeto de intervenção urbana, Tom Lisboa conta que não havia encontrado seu espaço no circuito "oficial" de arte de Curitiba, e o sucesso das interferências mostrou que era possível desenvolver uma carreira. Tanto que, por meio dos trabalhos, ele foi convidado para diversas exposições pelo país e recebeu da Câmara de Vereadores curitibana, em 2006, voto de louvor pelo conjunto de interferências. "Com as intervenções de maio exercitei o desapego por criar obras para serem levadas pelo espectador, ou simplesmente jogadas fora. Desenvolvi um diálogo muito próximo com um público vasto e heterogêneo, que circula pelas ruas muitas vezes sem perceber o espaço ao seu redor."

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