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Marília Gabriela interpreta uma candidata à presidência inspirada em Hillary Clinton no monólogo Aquela Mulher | Jordi Busch/Divulgação
Marília Gabriela interpreta uma candidata à presidência inspirada em Hillary Clinton no monólogo Aquela Mulher| Foto: Jordi Busch/Divulgação

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Bilheteria - Os ingressos para o 18º Festival de Curitiba estão à venda na bilheteria central instalada no Shopping Mueller (R. Candido de Abreu, 219). A compra pode ser feita também callcenter 4003-1212 ou pelo site www.ingressorapido.com.br. e o pagamento deve ser efetuado em dinheiro ou com os cartões Mastercard (crédito) e Redeshop (débito). Estudantes, maiores de 60 anos, associados ao Sated, clientes Itaú e clientes Unibanco terão direito a descontos não-cumulativos.

Mostra Contemporânea - 28 espetáculos selecionados, em cartaz em diversos teatros entre 19 e 29 de março. Ingressos: R$ 40 e R$ 20.

Fringe - Mais de 280 peças espalhadas pela cidade, entre 18 e 29 de março. Ingressos: de R$ 50 a entrada franca.

Gastronomix - Música e gastronomia. Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999), (41) 3350-4400. Dias 28 e 29 às 11 horas. Ingressos a confirmar.

Festas - Centro de Convenções do Cietep (Av. Comendador Franco, 1341). Dias 18, 25 e 28, às 22 horas.

Risorama - Humor com Diogo Portugal e convidados. Centro de Convenções do Cietep (Av. Comendador Franco, 1.341). De 19 a 24, às 21 horas. Abertura da casa às 19 horas.

Mish Mash - Performances de mágica, humor físico, improviso e malabarismo. Centro de Convenções do Cietep (Av. Comendador Franco, 1.341). Dias 26, 27 e 29 às 21 horas.

Puc Ideias - Exposições, palestras e outros eventos. PUCPR (R. Imaculada Conceição, 1.155).

Atenção - Algumas informações do guia e do site www.festivaldecuritiba.com.br estão desencontradas. Em caso de dúvida, os contatos à disposição do público são o e-mail contato@festival deteatro.com.br e o telefone do Disque Festival: (41) 3378-4825.

Marília Gabriela construiu uma imagem pública de mulher forte, poderosa, entrevistadora articulada, de voz e personalidade marcantes. Não contente, experimentou ser múltipla, cantando e assumindo personagens no teatro e na televisão, além de escrever um livro, Eu Que Amo Tanto, sobre mulheres que amam demais. Durante o Festival de Curitiba, ela será uma espécie de Hillary Clinton.

A protagonista de Aquela Mulher, monólogo que ela apresenta entre os dias 21 e 23, às 21 horas, no Pequeno Auditório do Teatro Positivo, é uma candidata à Presidência do país mais poderoso do mundo, criada pelo escritor – e eventual dramaturgo – luso-africano José Eduardo Agualusa, especialmente para Marília.

Na entrevista abaixo, ela fala de teatro, política e amigos. Como Antônio Fagundes, a quem confiou a direção do espetáculo. E da admiração pela mulher que inspirou a história que conta agora. Gazeta do Povo – Quando subiu ao palco pela primeira vez?

Marília Gabriela – Foi em novembro de 2000, no Rio de Janeiro, no Sesc Copacabana, e foi uma experiência maravilhosa. Recebi o convite do Gerald Thomas, diretor que admiro e com quem tive uma relação profissional das mais parceiras, e fiz um monólogo: Esperando Beckett, montado em cima de textos tirados da novela Malone Dies. Até hoje agradeço ao Gerald por ter me visto e insistido na ideia de que eu seria a pessoa adequada para o espetáculo porque, a partir daí, encarei a vocação que eu ensaiara tanto durante muitos anos e nunca exercitara de fato.

O seu encontro com o Agualusa, que culminou na montagem de Aquela Mulher, aconteceu em quais circunstâncias?

Como ele mesmo disse em entrevista, nosso caso foi "amizade à primeira vista" desde que nos conhecemos num festival de cinema em João Pessoa, três anos atrás. Somos amigos íntimos, daqueles que se falam quase diariamente, discutem, morrem de rir um com o outro e trocam confidencias. Ele estava escrevendo com Mia Couto seu segundo texto para teatro, por encomenda, e eu andava por Portugal. Perguntei-lhe se não gostaria de escrever algo para mim, um monólogo por exemplo, e ele disse que sim. Agualusa é um escritor prolífico, escreve cotidianamente. Ao final de 2007, começou e terminou Aquela Mulher.

O que a motivou a convidar Fagundes, inexperiente no cargo, para a direção?

A confiança, a certeza absoluta de que se ele aceitasse eu estaria nas mãos de um dos mais aquinhoados profissionais do país. Fagundes faz parte da história do teatro brasileiro. Tem público cativo porque sabe fazer teatro, conhece cada respiração da plateia, é um ator imenso, grandioso e, embora, como me contou, nunca tenha sido convidado a se apresentar em qualquer festival de teatro por aqui, já fez mais pela arte do que muita gente boníssima. Dei o monólogo para que lesse enquanto gravávamos Duas Caras. Ele adorou. Convidei-o. Pediu tempo. Aceitou e foi um maestro na condução da montagem. Espero que outros profissionais de bom senso tenham a chance de ser dirigidos por Antonio Fagundes, meu amigo.

Li que vocês deixaram Agualusa de fora dos ensaios, para evitar a intervenção do autor. Por quê?

Ele veio para a estreia. Hospedou-se em minha casa. O monólogo tinha algumas rubricas, mas era um texto bastante literário. Fagundes dramatizou-o, digamos assim. Não o deixamos ver por uma razão muito simples: queríamos que tivesse uma agradável surpresa quando a cortina abrisse. E assim foi. A sua atuação buscou referências em Hillary?

Se há uma mulher com uma experiência imediatamente reconhecível no espetáculo, essa é a Hillary. Fagundes, no entanto, não quis que eu a representasse, em particular. Em cena está uma mulher com poder, segura, elegante, tranquila, vocacionada, idealista como deve ser uma senhora de si, uma política tarimbada. Está também a doce, sensível mulher que ama, a feroz e vingativa mulher traída, a mulher que sou eu, que é você, que é qualquer mulher emancipada com momentos de insegurança e solidão na vida particular e no poder. Não foi preciso beber em outras interpretações além da que nasceu do entendimento do texto e das experiências na vida.

Você diria que o monólogo se concentra no texto ou investe em outros elementos do espetáculo?

Aquela Mulher é um texto brilhante em meio a recursos teatrais igualmente bem solucionados. A luz é de um outro grande diretor, Marcio Aurélio. A cenografia e o figurino ficaram a cargo de Theodoro Cochrane (filho de Marília), que, em seu primeiro trabalho, o anterior, foi indicado ao maior prêmio do teatro nacional [o Shell]. A música incidental foi composta por André Abujamra, que dispensa apresentações, e a assistência de direção foi incumbência da Clarisse Abujamra, bailarina e atriz. Fagundes regeu.

O poder reserva mais cobranças à mulher do que ao homem?

Às vezes, acho que a vida reserva mais cobranças à mulher do que ao homem. No poder, então, essa novidade historicamente tão recente, não poderia ser diferente, pelo contrário. Estamos todos aprendendo a exercer e analisar o poder no feminino. Sem muitos parâmetros, creio que ainda estamos buscando essa linguagem tanto no exercício desse poder como no julgamento que fazemos das mulheres que o exercem.

Como encara, por exemplo, a cobertura da plástica facial de Dilma Roussef?

Como preconceituosa e caipira no pior sentido. Independentemente de sua política, que não é o assunto aqui, Dilma Roussef vive, também, de sua imagem. Acho muita graça na aceitação e encantamento por todos os métodos que conseguem prolongar nossa vida útil com saúde, em contraposição à discussão tola e preconceituosa de quem fez plástica, quem botou isso ou tirou aquilo. Por favor, que atraso, quanta superficialidade e fofoca. Quero mais é que todo mundo esteja bem com seu corpo. A pele é o maior órgão do corpo humano e é de quem a possui.

E Hillary Clinton é uma figura a quem você admira?

Absolutamente. Já existia na universidade, brilhantemente, fazia política e foi autora de um aclamado discurso de formatura que lhe rendeu a capa da revista Life. Foi uma primeira dama importante, ativa e inteligente. Na Presidência, seria um "adianto" na vida de todas as mulheres que batalham pelo seu lugar ao sol em qualquer parte do mundo. E está lá: é a secretária de Estado do Obama. Já discute a política delicadíssima no Oriente Médio. Poderosa, admiro-a também por ter conseguido superar todo o preconceito de que foi vítima quando seu marido resolveu brincar de "hominho" no salão oval da Casa Branca e ela foi escrachada, julgada, vítima de verdadeiras crueldades na mídia como se fosse a responsável por aquele gesto estúpido do tal poder-afrodisíaco. Uma guerreira.

Imagina o Brasil governado por uma mulher? Qual seria o desafio maior dela?

Claro que sim, por que não?! Seu maior desafio seria governar apesar de tudo, de todo o preconceito. Ou você tem dúvidas de que ele viria no pacote?

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