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Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" | Reprodução www.globo.com/paraisotropical
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical"| Foto: Reprodução www.globo.com/paraisotropical

A boa mesa e a boa cama, temas da predileção de Jorge Amado, sobem ao palco. Depois de fazer sucesso com adaptações para o cinema e a televisão, um dos livros mais populares do escritor baiano recebe a sua primeira grande montagem teatral. Dona Flor e Seus Dois Maridos, que estreou no mês passado em Goiânia, faz curta temporada em Curitiba, no Teatro Fernanda Montenegro, entre hoje e domingo.

Em 1992, o ator Marcelo Faria encenou Capitães de Areia, com direção de Roberto Bomtempo. Desde então, sua admiração pela obra bem-temperada de Jorge Amado só aumentou. "Quando li Dona Flor, me apaixonei imediatamente pelo personagem Vadinho, uma figura carismática, bom amante, malandro sem moral", conta, em entrevista ao Caderno G.

O ator não perdeu a chance de encarnar o baiano sem-vergonha. Em parceria com Pedro Vasconcelos, que dirige a peça (e atualmente também a novela Os Sete Pecados), começou a adaptar o texto há quatro anos. Foi um trabalho detalhado, em que a dupla leu o livro e selecionou as principais passagens. "Foi tudo tirado do livro com fidelidade. É uma leitura completamente diferente do filme (de Bruno Barreto, de 1976) ou da minissérie (escrita por Dias Gomes, Ferreira Gullar e Marcílio Moraes, e exibida na Rede Globo em 1998), conta.

E quem interpreta Dona Flor, eternizada no cinema pela brejeirice de Sônia Braga? A atriz Carol Castro, de 23 anos, foi escolhida a dedo por ser, ao mesmo tempo, "menina e mulher". Exatamente como sua personagem, uma cozinheira casada com o malandro Vadinho. Quando ele morre, no Carnaval de 1943, ela fica inconsolável, mesmo sabendo que o marido era mulherengo e tinha vários defeitos. Após algum tempo, casa-se com o Dr. Theodoro (o ator Duda Ribeiro), um farmacêutico metódico e certinho. Depois de um ano de casamento, o fantasma de Vadinho aparece para satisfazer os desejos à flor da pele de Dona Flor.

"É uma história de amor, da busca feminina pelo homem ideal", conta Faria. Dona Flor divide-se entre a segurança de uma relação e o fogo da outra. Por isso, não faltarão cenas engraçadas e sensuais – a peça é censurada para menores de 18 anos.

O espetáculo tem o clima dos anos 60, época em que se passa a história: do figurino com tecidos e rendas e o cenário que remete ao Pelourinho, às músicas, todas de Dorival Caymmi, cantadas e tocadas até mesmo ao vivo. Há uma cena em que o próprio músico baiano (interpretado pelo ator Marco Bravo) participa da serenata que Vadinho dedica a Dona Flor.

Em cena, 15 atores dão vida a 30 personagens – dos mais de 200 que integram o livro de Jorge Amado. A preparação do elenco levou três meses. Foi necessário compreender o universo baiano, o jeito de falar do povo, as músicas, danças e cultos religiosos. Carol Castro fez aulas de culinária para dar veracidade ao trabalho de Dona Flor como dona de uma escola de cozinha. Faria, cofiando o bigode que deixou crescer especialmente para a peça, conta que para encarnar o malandro fez aulas de dança de salão durante um ano e aprendeu a tocar alguns instrumentos.

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Serviço: Dona Flor e Seus Dois Maridos. Teatro Fernanda Montenegro (R. Coronel Dulcídio, 517 – Shopping Novo Batel), (41) 3224-4986. Dias 9, 10 e 11 de novembro. R$ 50, R$ 25 (estudantes e idosos) e R$35 (assinantes da Gazeta do Povo).

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