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Raio-x

Saiba mais sobre os três principais serviços de streaming pago disponíveis no Brasil:

DEEZER

Músicas disponíveis: 30 milhões

Usuários registrados: 5 milhões

Assinatura mensal: R$ 14,90

Qualidade do som: Transmite em 320 kbps (velocidade próxima do CD)

Facilidade de uso: Design irregular, com excesso de opções. Tem mixer

RDIO

Músicas disponíveis: 20 milhões

Usuários registrados: Não revela

Assinatura mensal: R$ 14,90

Qualidade do som: Não revela os dados de transmissão

Facilidade de uso: Design claro, com acesso rápido às ferramentas. Sem mixer.

NAPSTER

Músicas disponíveis: 10 milhões

Usuários registrados: 1 milhão

Assinatura mensal: R$ 14,90

Qualidade do som: Não revela os dados de transmissão

Facilidade de uso: Design simples, mas prático. Tem mixer.

A música não para. Com o avanço dos serviços de streaming em todo o mundo, que já respondem por 20% das receitas do mercado digital, ela atinge mais um ponto em uma linha evolutiva que teve marcos como o toca-discos, a fita cassete, o CD e o MP3 (que trouxe a livre circulação e também a pirataria). No fluxo contínuo criado por sites como Rdio, Deezer e Napster — todos já ativos no Brasil, oferecendo fartos acervos, disponíveis para serem ouvidos a qualquer momento, por meio de uma assinatura mensal — surgem novas opções de consumo (legal) e compartilhamento para o público, em computadores, celulares e tablets. Para os artistas nacionais, porém, tais novidades envolvendo essa difusão em tempo real, on-line ou offline, trazem um misto de esperança diante de mais uma ferramenta para divulgar seu trabalho e preocupação com a forma como são remunerados.

No exterior, por exemplo, nomes de peso como David Byrne e Thom Yorke, do Radiohead, fizeram, no ano passado, duras críticas ao Spotify, um dos pioneiros do setor, ainda não disponível no Brasil. O ex-líder dos Talking Heads afirmou, em artigo para o jornal britânico The Guardian, que o Spotify estava criando "uma cultura de blockbusters", que seria "um desastre para os artistas contemporâneos". Mais radical, Yorke disse, em entrevista a um jornal mexicano, que o site de música on-line representava "a última flatulência de um cadáver", acusando o Spotify de pagar valores baixos a artistas independentes.

"Concordo em parte com o Thom Yorke. Tudo de que a gente não precisava agora, após o declínio das grandes gravadoras, era o surgimento de novos intermediários entre o artista e o público", afirma o músico Lucas Santtana. "Claro que esses sites que estão chegando ao Brasil oferecem opções interessantes para o público, mas ainda espero uma divisão mais justa dos seus lucros com os artistas."

Curiosamente, o empresário do Radiohead, Brian Message, saiu em defesa do Spotify, classificando-o como "uma coisa boa", mesmo caminho seguido pelo baterista do Metallica, o controvertido Lars Ulrich, e pelo músico, produtor e DJ Moby. Este último, aliás, chegou a dizer que Yorke parecia "um velho reclamando da velocidade dos trens". Por aqui, o cantor, compositor e instrumentista Marcelo Jeneci tenta se equilibrar nesses trilhos.

"Entendo que a remuneração nos sites de streaming ainda não foi bem equacionada, mas acredito que vamos achar soluções e um equilíbrio ao longo do caminho", pondera ele, que lançou recentemente o álbum De Graça, disponível inicialmente assim mesmo, de graça, no site da Natura Musical.

Retração

De fato, como seria natural, as coisas continuam acontecendo no universo da música, e em velocidades cada vez maiores. Recente pesquisa da Nielsen SoundScan revelou que a venda de músicas digitais no mundo caiu pela primeira vez desde que o iTunes abriu as portas, em 2003. Ano passado foi comercializado 1,26 bilhão de faixas, contra 1,34 bilhão em 2012, representando uma retração de 5,7%. Para muitos, essa oscilação teria sido causada justamente pelo avanço dos sites de streaming.

"O consumo de música mudou totalmente com a revolução digital. Vivemos a era do fluxo", diz o francês Mathieu Le Roux, diretor-geral do Deezer para a América Latina. "O streaming representa uma forma de ultrapassar a pirataria com uma oferta melhor. Com ele, o público ganha porque pode ouvir e compartilhar música de forma legal. E o artista também ganha porque recebe um valor por um tempo indeterminado."

"Inimigo"

Sobrevivente do "boom" do rock brasileiro nos anos 1980 com o Barão Vermelho, Roberto Frejat elogia o streaming, mas faz ponderações ao serviço e aponta um "inimigo". "A remuneração ainda não é a ideal, e acho que ainda vai demorar a atingirmos níveis razoáveis. Depende de essas empresas terem um volume de assinaturas que possibilitem um retorno maior para os artistas. E esse crescimento nos leva à dependência de um inimigo comum: o problema é a banda larga brasileira, ainda muito fuleira."

Citando Fernando Pessoa ("Tudo vale a pena se a alma não é pequena"), Ana Carolina diz que aprendeu, em 15 anos de carreira, a seguir o sinal dos tempos, percebendo que "o ouvinte não deixava de ser ouvinte por não comprar a obra física". E revela uma visão otimista do streaming.

"Comecei a entender a mecânica de comportamento do público através das redes sociais. Hoje sei que todo canal para manter uma boa relação com o público é válido. Todos os caminhos levam à música. É o respeito a ela e aos fãs que me faz disponibilizá-la onde quer que seja, sem pensar no dinheiro como principal meta", diz a cantora.

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