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O Oscar de direção por Traffic e o grande sucesso de bilheteria de Onze Homens e um Segredo (que rendeu a continuação de igual sucesso Doze Homens e um Outro Segredo) deram a Steven Soderbergh a segurança financeira necessária para tocar os projetos independentes que tanto preza, um status alcançado por poucos diretores no mundo. Agora, ele intercala com mais assiduidade a filmagem de blockbusters e a realização de filmes-experimento como Full Frontal, lançado em 2002.

Este ano, o cineasta americano partiu para uma empreitada ainda mais ousada: lançar um trabalho ao mesmo tempo nos cinemas, na televisão e em DVD. O filme em questão é Bubble, que estréia hoje em Curitiba.

Como é comum em muitos dos filmes independentes americanos, a ação – neste caso a não ação – de Bubble acontece em uma pequena cidade do interior dos EUA. A personagem central é Martha (Debbie Doebereiner, desconhecida atriz, assim como todo o elenco do filme), que trabalha em uma fábrica de bonecas. Seu melhor amigo – na verdade, a pessoa com quem mais conversa – é o jovem Kyle (Dustin James Ashley), companheiro de trabalho que ainda faz jornada em outro emprego.

Soderbergh constrói o filme baseado na rotina mecânica da fábrica, as várias etapas do processo de montagem das bonecas, intercaladas com os pequenos intervalos em que Martha e Kyle almoçam a gordurosa comida da cantina local. Nada de interessante acontece até a chegada de Rose (Misty Dawn Wilkins), contratada para cobrir uma funcionária da empresa que ficou doente. A moça se insere rapidamente na vida de Martha e Kyle, o que incomoda de certa forma a primeira.

O diretor apresenta personagens de aparência vazia, sem vida, muito próximos dos bonecos que fabricam – até sua postura corporal corrobora esse fato. Mas o estado de letargia dos personagens e da própria história é alterado quando um crime acontece. A partir desse momento, o filme se torna uma espécie de Fargo, mas sem o mesmo humor negro do grande sucesso dos irmãos Coen – que também contava a história de um crime em uma cidadezinha americana.

Dessa forma, Bubble não difere dos muitos filmes independentes que retratam pessoas em ambientes inóspitos do interior dos EUA, um verdadeiro celeiros de freaks na visão de alguns diretores. Por isso, a produção acaba chamando mais atenção pela experiência inédita de apresentação do que por sua qualidades cinematográficas.

Atento às transformações do mercado – o crescimento dos DVDs – e às novas tecnologias – hoje em dia, muitos optam por fazer downloads de filmes e assisti-los no próprio computador –, Soderbergh coloca nas mãos do espectador a escolha da melhor forma de se ver um filme. É uma questão importante que deverá ser melhor pensada e discutida em um futuro próximo – se Hollywood deixar. GGG

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