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Thaís Gulim foi chamada pelo jornal O Globo de “a cantora-síntese de sua geração” | Divulgação/Jorge Bispo
Thaís Gulim foi chamada pelo jornal O Globo de “a cantora-síntese de sua geração”| Foto: Divulgação/Jorge Bispo

Bate-bola com Tom Zé

Thaís Gulin, cantora e compositora

Que tipo de radar dirige você para este/aquele compositor ou esta/aquela canção, Thaís Gulin?

É primitivo. E intuitivo. E talvez obsessivo. Me dirijo a esta ou àquela canção como se não houvesse amanhã. As escolhas são sempre inevitáveis, como se eu as fosse carregar no corpo, no olhar, em meu jeito, para o resto da vida. E aí tem muitos compositores que, com o que tem a dizer, me emocionam profundamente, me arrancam mesmo do eixo.

Como você gostaria de influenciar as cantoras do futuro, que legado gostaria de passar para elas?

Com liberdade. Acho "aguentar a liberdade" uma coisa muito boa e difícil. Há de se ter coragem e olhos firmes. Dar um mergulhinho pra dentro da gente, é bem mais arriscado do que mergulhar com tubarões. Ficar distraído e deixar que saia uma canção, um disco, beira o abismo. Se eu puder, se eu pudesse... Ah, seria isso, sim, que gostaria de deixar.

Para o departamento "Isso acontece?", cite uma ou duas canções, Thaís, nas quais uma grande popularidade se casa com o requinte.

Me veio de cara "Vai Passar", do Chico [Buarque]. Muito popular.Penso em "Divino Maravilhoso". Penso muito em seu "Xique Xique" [de autoria de Tom Zé]. Penso também em algumas canções da minha geração que estão encontrando sua força de um jeito bem particular.

Como foi trabalhar com essas idéias e arranjos, como foi trabalhar com Alê Siqueira e Kassin neste disco?

Olha, fiquei um ano mais ou menos em silêncio antes de entrar em estúdio com o Alê e o Kassin. Fiquei escrevendo, fui a Belém, a Buenos Aires, fiquei olhando o Rio da janela. Estava sentindo um amor que nunca tinha sentido antes, o Rio que eu carregava dentro de mim precisava sair em toda a sua intensidade, alegrias, melancolias e sons. Quando entendi isso, chamei o Alê e o Kassin, que são maravilhosos, além de serem muito diferentes um do outro. Eles compraram as minhas ideias, vieram com muitas outras, trouxeram músicos geniais.

Por que você resolveu, Thaís, fazer da arte a sua vida? Já pensou em desistir?

Claro, muitas vezes. Mas fica difícil. Então às vezes desisto rapidinho, vou para algum lugar longe, gosto de me mandar de um dia pro outro, mas aí você olha uma coisa diferente num lugar estranho e só pensa em ter um papelzinho para anotar uma ideia. Acho que resolvi fazer isso porque ... olha, não sei. Para salvar a minha vida? (risos)

A cantora curitibana Thaís Gulin, que hoje vive no Rio de Janeiro, quis voltar para casa e, aqui, dar início à turnê nacional de lançamento de seu segundo álbum, ôÔÔôôÔôÔ (confira o serviço completo do show), lançado há pouco mais de um mês pela Som Livre/SLAP.

Nascida e criada no bairro do Cabral, mas hoje assumidamente meio carioca, tão forte o vínculo que estabeleceu com a Cidade Maravilhosa, a artista preferiu usar um trampolim seguro e bem familar para iniciar seu salto, e se apresenta hoje, às 21 horas, no Pequeno Auditório do Teatro Positivo.

"Sou apaixonada por Curitiba. Aí estão minha família, meus amigos queridos, minha história", disse ela, por telefone, de sua casa, no Leblon, em entrevista à Gazeta do Povo. Na capital paranaense, contou Thaís, cursou artes cênicas no Teatro Lala Schneider, ela teve aulas de violão e canto no Conservatório de Música Popular Brasileira e se formou em Administração de Empresas na PUCPR. Até decidir, de uma vez por todas, que desejava ser artista na vida.

Chamada pelo jornal O Globo de "a cantora-síntese de sua geração, assim como foram Gal Costa e Marisa Monte em seus respectivos hoje", Thaís traz para casa tanto o repertório do novo disco quanto canções registradas em seu primeiro CD, em que costurava canções de compositores aparentemente inconciliáveis, como a dupla Evaldo Gouvêia e Jair Amorim, Nelson Sargento, Otto, Jards Macalé, Chico Buarque e Tom Zé. Os dois últimos foram reprisados em ôÔÔôôÔôÔ.

Chico Buarque, de quem Thaís, diz a imprensa carioca, é a nova musa, escreveu especialmente para ela "Se Eu Soubesse", gravada em um afinado dueto, um dos pontos altos do novo CD. Já Tom Zé, que preparou para esta matéria do G uma pequena bateria de perguntas (leia quadro acima), ela registrou "Ali Sim, Alice".

No show de hoje, que tem direção cênica de Andrea Zeni e musical de Lui Coimbra e Bruno Migliari, Thaís é acompanhada pelos músicos Fernando Monteiro (Frado) e Alexandre Prol (guitarras e violões), Lancaster Lopes (baixo), João Saldanha (teclados) e Thiago Silva (bateria)

Serviço

ôÔÔôôÔôÔ (confira o serviço completo do show) Teatro Positivo – Pequeno Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, Campo Comprido), (41) 3317-3000. Hoje, às 21 horas. Classificação indicativa: livre. R$ 44 e R$ 24.

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