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Paula Lima solta a voz na capital, nesta terça | Divulgação/Angélica Fenley Belich Assessoria em Comunicação
Paula Lima solta a voz na capital, nesta terça| Foto: Divulgação/Angélica Fenley Belich Assessoria em Comunicação

Cannes, França – Vencedor da Palma de Ouro com Fahrenheit 11 de Setembro (2004), o cineasta norte-americano Michael Moore encontrou na 60.ª edição do Festival de Cannes respaldo para seu novo filme, Sicko, sobre as deficiências do sistema de saúde pública nos EUA. Exibido fora de competição no sábado, Sicko foi aplaudido diversas vezes em cena aberta, na sessão de imprensa. "Sei que a tempestade me espera nos EUA. Mas é tão prazeroso estar aqui com esse filme", disse o diretor, após a projeção.

A "tempestade" se anunciou há três semanas, quando o Tesouro dos EUA notificou o diretor por suposta quebra do embargo a Cuba, com o filme. Moore deve apresentar sua defesa nesta terça (hoje). O desenrolar da contenda pode levar ao adiamento da estréia de Sicko nos EUA, prevista para 21 de junho, caso o cineasta ou seu filme sejam punidos, hipóteses que o documentarista classificou como "ridículas". "Sou um cidadão americano. Vivo num país livre. Mas essa administração (do presidente George W. Bush) afronta as leis e a constituição", relatou.

Moore responde à acusação de quebra do embargo dizendo que, em Sicko, empreendeu uma viagem não com o objetivo de ir a Cuba, mas ao "solo americano da base de Guantánamo" – localizada na ilha, onde os EUA encarceram acusados de terrorismo. "Por acaso", afirma, foi parar em Havana.

Sicko mostra o diretor partindo de Miami para Guantánamo, de lancha, com personagens do filme que enfrentam problemas de saúde decorrentes do trabalho de resgate às vítimas do World Trade Center. Sem dinheiro para bancar tratamento adequado, eles tampouco obtêm ajuda do Estado. Diante da base de Guantánamo, com um megafone, Moore anuncia ao centro médico que trata "os terroristas da Al Qaeda" que estão ali "voluntários nos resgates do 11 de Setembro", necessitando cuidados. A cena seguinte traz o grupo em Havana. "Sei o que vocês estão pensando. Cuba é onde vive Lúcifer (surge imagem de Fidel Castro)", diz a narração.

Moore diz que "há alguma coisa essencialmente errada" na sociedade americana, que terá de "enfrentar seu lado escuro, se quiser ser melhor". O propósito de Sicko, segundo ele, é interrogar: "Por que nos tornamos o que somos hoje?"

Embora preveja a "tempestade" de reações negativas ao seu país, o documentarista disse que os críticos que apontam imprecisões em seus filmes deveriam lhe "dar uma folga", considerando seus acertos anteriores. "Há oito anos fiz um filme dizendo que a General Motors era um gigante prestes a cair (Roger e Eu), em Tiros em Columbine, mostrei que, com a situação da venda de armas, os massacres nas escolas não iriam terminar e, tragicamente, eles continuam", comentou.

Ao ser questionado pelo fato de não apresentar as falhas dos sistemas de saúde pública dos países estrangeiros (Canadá, França, Inglaterra, Cuba) na comparação com os EUA, afirmou: "Acho que o resto do mundo está um pouco cansado de ouvir os americanos dizendo a eles o que devem fazer".

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