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 | Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo
| Foto: Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Uma carreira de 70 anos, 49 filmes e 90 anos de idade. Estamos falando do consagrado diretor francês Alain Resnais que, mesmo sem sua presença, encantou a plateia nas prévias para a imprensa da 50.ª edição do Festival de Nova York, que começa na próxima sexta-feira e termina no dia 14 de outubro, com Vous N’Avez Encore Rien Vu (Você Ainda Não Viu Nada, em tradução literal). Não é um dos seus melhores filmes, mas é audacioso, cerebral e expressa, com musicalidade, um texto que é rico em densidade e sugestões.

Resnais filmou a clássica tragédia grega de Orfeu e Eurídice e, sobretudo, quis fazer uma homenagem ao teatro. A história segue vários atores – Sabine Azema, Pierre Arditi, Michel Piccoli, Mathieu Almaric, Lambert Wilson, Anne Duperey, Anne Consigny e outros, todos aparecendo como eles mesmos – que são avisados que um amigo comum, um grande diretor de teatro, Antoine d’ Anthac, acaba de morrer.

Testamento

Eles são chamados a um castelo para a leitura do seu testamento e assistem a um vídeo gravado, no qual um grupo de jovens remonta um de seus maiores sucessos: Eurídice, de Anouilh.

O grupo assiste à representação dos jovens filmada por outro diretor, e começa a interagir entre eles e com a tela. Não há técnicas sofisticadas, embora o filme tenha efeitos, imagens e cores belíssimas e a alternância de um set que ora é um castelo, ora é um café. Na verdade, se trata de um contexto para falar de cinema e teatro, de arte e vida (e de morte).

O diretor dos clássicos Ano Passado em Marienbad e Hiroshima, Meu Amor diz, no material distribuído à imprensa, que seu novo filme trata do tempo e da memória.

"Os atores estão representando eles mesmos e, ao fazer isso, eles se lembram do próprio passado e dos fantasmas de sua memória".

Além disso, é visível a intenção de Resnais de fazer uma aproximação com o teatro.

"Ao longo da última década, li várias entrevistas de atores e diretores dizendo que atuar em cinema é diferente de atuar em teatro, como se uma arte fosse superior à outra. Eu, ao contrário, vejo muitos paralelos entre os dois e era isso que queria provar neste filme", atesta Resnais, que na adaptação para as telas procurou ser fiel ao texto de Anouilh.

"A peça é uma porta aberta para variações, mas nesta história sobre pessoas capturadas pelo fantasma da recordação, procurei respeitar o texto de Anouilh em todos os momentos", assegura Resnais, um autor que não para de se reinventar e reinventar o cinema.

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