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Uma vida de invenção e ensino

Várias homenagens marcam o sesquicentenário de nascimento do norueguês Alfredo Andersen, pai da pintura paranaense

Autorretrato do artista: imagem será usada em um selo dos Correios | Reprodução
Autorretrato do artista: imagem será usada em um selo dos Correios (Foto: Reprodução)

Há exatos 150 anos nascia, em Christianssand, na Noruega, aquele que viria a ser chamado de "o pai da pintura paranaense". Alfredo Andersen visitou o Brasil no final do século 19 e, em 1892, fixou residência em Paranaguá.

Durante uma década, fez retratos de muitos habitantes da cidade e incorporou as paisagens litorâneas em seus quadros. Uma década depois, já casado, ele subiria a Serra do Mar para habitar e fazer história em Curitiba.

Andersen (1860-1935) é o pai da pintura paranaense, explica o crítico de arte Fernando Bini, pelo fato de ter sido o primeiro pintor a formar um grupo de discípulos. Nomes relevantes da artes plásticas locais passaram pelo ateliê do mestre, entre os quais Theodoro De Bona (1904-1990), Maria Amélia D’Assum­­p­ção (1883-1955) e Frederico Lange de Morretes (1892-1954).

Para comemorar a data, o sesquicentenário do nascimento de Andersen, a Secretaria de Estado da Cultura preparou uma programação que começa hoje e vai até sexta-feira (5), e inclui lançamento de selo pelos Correios e exposições (confira quadro nesta página).

Roseli Fischer Bassler, diretora do Museu Alfredo Andersen, observa que o pintor foi um sujeito permanentemente irrequieto e culto, que poderia ter permanecido na Europa, mas optou por viver no Paraná. "E aqui viabilizou um ambiente criativo", diz Roseli.

Após a morte do pintor, em 1935, alguns de seus amigos começaram a articular um movimento para manter viva a memória de Andersen. Em 1959, foi inau­­­­gurada a Casa de Alfredo Andersen – Escola e Museu de Arte, no local onde ele viveu e lecionou, na Rua Mateus Leme. Vinte anos depois, a instituição passou a ser denominada Museu Alfredo Andersen.

A secretária de estado da Cultura, Vera Mussi, conta que os cursos, que Andersen promovia quando vivo, jamais deixaram de ser oferecidos pelo museu homônimo e centenas de pessoas participam das atividades educativas todo semestre.

Wilson Andersen Ballão, bisneto de Andersen, lembra que, neste momento, além das atividades que estão sendo organizadas pela Secretaria da Cultura, há uma outra exposição, Da Noruega para o Brasil, a Trajetória do Pai da Pintura, em cartaz no Museu Oscar Nie­­meyer (R. Marechal Hermes, 999), com 120 trabalhos do artista.

Ballão, o curador da mostra, conta que há quadros relevantes, como o que o bisavô pintou, em 1904, das Sete Quedas, conjunto de quedas d’água que desapareceu com a formação do lago da Usina de Itaipu.

"No MON, o visitante tem a oportunidade de conhecer a passagem de Andersen pelo mundo, a partir de imagens do local onde ele nasceu até a sua chegada em Paranaguá, e o tempo posterior em Curitiba", afirma Ballão.

Paixão

O bisneto conta que Andersen demorou uma década para subir a Serra porque estava apaixonado pela parnanguara Anna de Oliveira (1882-1945), com quem casaria. "Ele se encantou pela minha bisavó, e teve de esperar (ela crescer)", comenta Ballão.

Na década de 1930, pouco antes de morrer, Andersen recebeu o título de Cidadão Honorário de Curitiba. Deixou de assinar Alfred para usar Alfredo. Sentia-se mais que brasileiro: era paranaense.

"Ele assimilou conhecimentos do tempo em que esteve inserido e, uma vez no Brasil, como todos os pintores que por aqui passaram, se deixou arrebatar pela luz e pelas cores locais, que iriam se refletir em sua obra", finaliza Bini.

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