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Clint: sua biografia mostra que é patriota, mas crítico de seu país |
Clint: sua biografia mostra que é patriota, mas crítico de seu país| Foto:

Obra

Confira a filmografia de Clint Eastwood como diretor

- Hoover (2012)

- Hereafter (2010)

- Invictus (2009)

- A Troca (2008)

- Gran Torino (2008)

- A Conquista da Honra (2006)

- Cartas de Iwo Jima (2006)

- Menina de Ouro (2004)

- Sobre Meninos e Lobos (2003)

- Dívida de Sangue (2002)

- Cowboys do Espaço (2000)

- Crime Verdadeiro (1999)

- Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal (1997)

- Poder Absoluto (1997)

- As Pontes de Madison (1995)

- Um Mundo Perfeito (1993)

- Os Imperdoáveis (1992)

- Coração de Caçador (1990)

- Rookie – Um Profissional do Perigo (1990)

- Bird (1988) Cinebiografia do saxofonista Charlie Parker (Forest Whitaker, foto 4), é uma uma bela homenagem de Clint Eastwood ao jazz, uma de suas grandes paixões. Para quem não sabe, o ator e diretor também escreve, com frequência, temas musicais para seus filmes.

- O Destemido Senhor da Guerra (1986)

- O Cavaleiro Solitário (1985)

- Impacto Fulminante (1983)

- Bronco Billy (1980)

- Rota Suicida (1977)

- Josey Wales – O Fora-da-Lei (1976)

- Escalado para Morrer (1975)

- O Estranho sem Nome (1973)

- Perversa Paixão (1971)

  • Em A Troca, Angelina Jolie enfrenta a imprensa e a lei
  • A Conquista da Honra desconstrói e desmente foto clássica da Segunda Guerra
  • Clint e Hilary Swank: segundo Oscar de melhor direção
  • Bird (1988)

Dono de dois Oscars de melhor direção, por Os Imperdoáveis (1992) e Menina de Ouro (2004), Clint Eastwood se recusa a parar de dirigir. Em 2009, lançou Invictus, que conta como Nelson Mandela enxergou em um campeonato mundial de rúgbi a oportunidade de reduzir a distância entrer brancos e negros numa África do Sul fraturada. Neste ano, Eastwood vai lançar Hereafter, um thriller sobrenatural sobre a morte. Nada mais natural que um artista, aos 80 anos, começe a pensar sobre esse tema.

O longa, dizem as primeiras reportagens, é centrado em três personagens: um operário norte-americano (Matt Damon), uma jornalista francesa (Cécile de France) e um garoto inglês – todos de alguma forma tocados pela finitude, pela possibilidade de uma outra existência após o último suspiro. Não há dúvidas de que a obra autoral de Eastwood, a exemplo de Hereafter seja autorreferencial. Ora ele fala de si mesmo, de questões que o atingem enquanto indivíduo. Exemplo disso é a discussão sobre Justiça institucional e violência em Gran Torino, que de certa forma põe em revista personagens de seu passado, vide Dirty Harry. Ora, o diretor fala dos Estados Unidos, da história do país e suas mazelas.

Em 2006, Eastwood revisitou com grande lucidez e senso crítico a Segunda Guerra Mundial, no caso a campanha norte-americana no Pacífico, em A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima. Rodados em sequência, o primeiro en­­focando o lado dos EUA e o segundo, o japonês.

Embora seja um patriota assumido e um conservador moderado – foi prefeito pelo Partido Re­­publicano da cidade litorânea de Carmel, na costa do Pacífico, entre São Francisco e Los Angeles –, Eastwood lança um olhar bastante crítico em direção à manipulação dos fatos pela chamada história oficial. Em A Conquista da Honra, ele desconstroi uma famosa foto tirada em Iwo Jima, a mesma que originou um monumento em Washington D. C., capital dos EUA.

Mostra que a imagem foi resultado de uma encenação e não de um momento heroico. A obra de Clint Eastwood como diretor, por mais desafetada e avessa à noção de grande espetáculo que seja, não foge de uma tradição fundamental no cinema norte-americano: a jornada do herói.

Na maior parte das tramas de seus filmes, o cineasta lida, de alguma forma, com a temática do heroísmo. Mas não aquele messiânico, que pretende vender ao mundo o ideário defensor de um superpoder do indivíduo frente ao próprio destino, às adversidades, às superestruturas sociais. Os heróis de Clint Eastwood, como a boxeadora vivida por Hillary Swank em Menina de Ouro, são fortes, imbuídos de coragem, mas podem sucumbir e muitas vezes fracassam, já que são profundamente humanos e quase sempre solitários.

Mídia

Uma das superestruturas na sociedade norte-americana que Eastwood critica com frequência em seus filmes é a mídia, que muitas vezes está em posição de contraponto aos atos de seus heróis. O fez em em A Conquista da Honra, quando culpabiliza tanto o governo quanto os meios de comunicação por construir um mito em torno de um momento histórico que jamais ocorreu, condenando os soldados que teriam protagonizado esse falso ato a viver uma mentira até que nela começassem a acreditar ou dela se tornassem vítimas.

Eastwood volta a fazê-lo em A Troca, que parte de um caso real que marcou a Justiça americana nos anos 1920 e 1930. Em 1928, Christine Collins (Angelina Jolie, em desempenho indicado ao Oscar) saiu para trabalhar e deixou seu único filho, Walter, sozinho em casa. Na volta, não o encontrou.

Cinco meses mais tarde, o Departamento de Polícia de Los Angeles entregou a Christine um menino que afirmava ser Walter. A mãe, no entanto, não o reconheceu desde o primeiro momento, mas as autoridades se recusaram a admitir o erro, tentando provar que, a troca das crianças seria sintoma de um distúrbio mental da mulher e não de um equívoco.

Mãe solteira numa época em que filhos fora do casamento eram estigmatizados, vistos como frutos do pecado, Christine não mede esforços para provar que está certa. Deseja, sobretudo, que a polícia de Los Angeles, sobre a qual pesam várias acusações de corrupção, não desista de procurar Walter. Acaba pagando um preço bastante alto por seu inconformismo e chega a ser confinada em um sanatório para doentes mentais.

A rigor, o arco dramático descrito acima caracteriza A Troca como uma clássica odisseia vivida por um indivíduo desafiado pelo sistema, que se recusa a dar-lhe o direito à voz. Uma trama quase corriqueira no cinema norte-americano, portanto. Clint Eastwood, todavia, nada tem de banal enquanto criador e dificilmente se renderia a repetir uma fórmula já tão desgastada pelo uso.

O filme, embora deixe claro que Christine está certa, confronta a verdade da personagem, que não tem ideia do que teria acontecido com Walter, com muitas outras. A da polícia é uma simulação, um engodo fraudulento. A da imprensa, por sua vez, se transforma com o desdobramento dos fatos, flutuante e leviana. E, mais uma vez, Clint não se rende à tentação do final feliz. Reconhece o heroísmo de sua protagonista, mas não a premia com um "foi feliz para sempre".

Depois de Hereafter, Eastwood vai filmar Hoover, a vida do polêmico J. Edgar Hoover, chefe do FBI por quase meio século.

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