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Aos 36 anos, Elisa gravou seu primeiro álbum apenas com canções em italiano. | Fabio Lovino/Divulgação
Aos 36 anos, Elisa gravou seu primeiro álbum apenas com canções em italiano.| Foto: Fabio Lovino/Divulgação
  • CD - L’anima Vola - Elisa. Sugar/Warner. Importado. Preço médio: US$ 8,99 (download em mp3, no site www.amazon.com).

Elisa Toffoli tinha um sonho quando adolescente. Queria ser uma artista de renome internacional. Para isso, pensou a cantora, nascida há 36 anos na cidade de Trieste, situada no nordeste da Itália, teria não apenas de tornar-se fluente em inglês, mas adotar a língua dos Beatles e dos Beach Boys como seu idioma oficial na hora de soltar a voz. Essa ideia a levou a se mudar para a Califórnia, onde gravou, com apenas 20 anos, o álbum Pipes & Flowers, inteiramente cantado em inglês, que lhe rendeu três discos de platina (equivalente a 300 mil cópias vendidas) em sua terra natal, mas não causou maior eco para além das fronteiras do seu país.

Pipes & Flowers foi o primeiro de uma série de discos nos quais a artista – fã de Björk, PJ Harvey e Tori Amos – intercalou os dois idiomas, sem perder de vista a ambição de alcançar reconhecimento planetário. Conseguiu, sem dúvida, estabelecer-se como nome de ponta na cena pop italiana, mas nunca chegou a obter o reconhecimento que tanto almejava. Pelo menos não até 2012, quando um certo cineasta de origem ítalo-americana atravessou o seu caminho.

Oportunidade

Quem acompanha de perto a carreira do diretor Quentin Tarantino bem sabe da importância que ele dá à escolha das canções que integram as trilhas sonoras de seus filmes. Portanto, quando optou por usar, como um dos temas principais de Django Livre, a canção "Ancora Qui" ("Ainda Aqui", em português), escrita em parceria por Elisa e o mestre da música para cinema Ennio Morricone, Tarantino estava oferecendo à cantora e compositora uma chance de ouro. Talvez a tão sonhada oportunidade de se tornar, de fato, conhecida mundialmente.

Ironicamente, apesar de o western de Tarantino se passar nos Estados Unidos – a canção é ouvida na abertura da sequência do jantar oferecido pelo cruel fazendeiro e dono de escravos vivido por Leonardo DiCaprio –, Elisa não teve de cantar em inglês, mas em italiano mesmo.

Aficionado dos westerns spaghetti de Sergio Leone, para os quais Morricone escreveu quase todas as trilhas, Tarantino quis assim. E deu mais do que certo.

"Ancora Qui", além de integrar o álbum oficial com a música de Django Livre, também está, em uma nova versão, em L’anima Vola, oitavo disco de Elisa, o primeiro com canções interpretadas apenas em sua própria língua. O CD, ainda inédito no Brasil, foi lançado em outubro do ano passado e estreou em primeiro lugar na Itália. "É uma mudança de rumos", disse a artista que, afirma estar repensando a ideia de que o inglês seja uma língua mais universal.

Harmoniosa mistura de estilos, como rock, pop e eletrônica, sem abrir mão da tradicional canzone italiana em releituras mais autorais, L’anima Vola traz um dueto com o astro pop Tiziano Ferro, que coassina a canção "E Scopro Cos’è la Felicità". Também inclui uma faixa composta por Luciano Ligabue, astro do rock de seu país. A maior parte das composições, como o hit "Ecco Che", é mesmo de Elisa, cuja bela voz e versatilidade não precisam mais do inglês para atravessar fronteiras.

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