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Unidos da Tijuca é a campeã do carnaval carioca

Escola do carnavalesco Paulo Barros homenageou o rei do baião, Luiz Gonzaga

A Unidos da Tijuca sagrou-se campeã do carnaval do Rio de Janeiro, na apuração ocorrida na tarde desta quarta-feira (22) no sambódromo. A agremiação somou 299,9 pontos. É o terceiro título da escola, campeã em 1936 e 2010. Sob o comando do carnavalesco Paulo Barros, a escola levou à Sapucaí um enredo em homenagem ao músico Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que completaria 100 anos em 2012.

Veja imagens do desfile da Unidos da Tijuca

A agremiação do Morro do Borel, na zona norte do Rio, somou 299,9 pontos e deixou para trás, pela ordem, Salgueiro, Vila Isabel, Beija-Flor, Grande Rio e Portela. As seis voltam à Sapucaí no sábado (25), para o desfile das campeãs.

Os jurados foram implacáveis com a Renascer, estreante em 2012 no Grupo Especial, que demonstrou estar aquém da elite, e com a Porto da Pedra, do bizarro enredo do iogurte. Ambas foram rebaixadas para o Grupo de Acesso A. A São Clemente, que fez um desfile surpreendente sobre espetáculos musicais e acabou em 11º lugar, festejou como se fosse a campeã o fato de não ter caído.

A Unidos da Tijuca é uma das escolas mais tradicionais do Rio. Ganhou seu primeiro campeonato em 1936. Amargou um hiato de 74 anos sem título, até nova vitória em 2010, já sob a coordenação do carnavalesco Paulo Barros. Se seu enredo era tradicional - os desfiles biográficos já renderam campeonatos a escolas como Beija-Flor e Mangueira -, seu desenvolvimento, não.

Muito badalada por causa de uma inovação da bateria, que fez prolongadas paradinhas, a Mangueira chegou em sétimo lugar e nem sequer vai participar da festa de sábado. A bateria conseguiu três notas dez, mas a escola perdeu pontos em oito dos dez quesitos.

A diretoria da Verde e Rosa estava tão confiante que puxou o samba-enredo antes mesmo da leitura das notas. Calou-se já no primeiro quesito, mestre-sala e porta-bandeira, em que levou 9,6 9,7 e 9,9.

Laíla, diretor de carnaval que é a cara da Beija-Flor, escola que estava entre as favoritas por ter ganho seis vezes nos últimos dez anos, já chegou com discurso derrotista. "Acho que o patrono não quer mais saber da escola. Eu não sei agora qual vai ser o caminho", afirmou, cogitando sua saída, depois de 36 anos de Beija-Flor. Ele se referia a Aniz Abrão David, bicheiro preso há um mês. A escola de Nilópolis já começou a apuração com menos 0,1 ponto, por causa de um erro na apresentação da comissão de frente.

Homenagem a Gonzagão

Uma das escolas mais aguardadas da noite de domingo (21), a Unidos da Tijuca fez um desfile animado, com bons momentos, mas não era considerada uma das favoritas. Nos anos anteriores, a escola ficou em primeiro lugar (2010) e em segundo (2011). A ideia de homenagear Luiz Gonzaga foi presidente da escola, Fernando Horta, que é fã do compositor.

Considerado o carnavalesco mais inovador - e mais bem pago - desse século, Paulo Barros teve sacadas inteligentes para tirar o enredo do óbvio - especialmente em um carnaval que teve outros quatro enredos falando do Nordeste.

O desfile custou "mais de R$ 10 milhões", segundo Horta, que não conseguiu patrocinador, apenas "alguns parceiros". Ele não acha que o fato de o tema não ter sido sugerido por Barros - o que aconteceu pela primeira vez desde sua entrada, em 2003 - tenha atrapalhado seu trabalho.

"Eu não imponho nada a artista algum. Foi bom para o Paulo mostrar sua versatilidade num enredo mais clássico". Nos bastidores, comenta-se que o carnavalesco, mais acostumado a temáticas abstratas (foi vencedor com "É segredo!") andava desanimado.

Em um ano de grandes sambas, como o da Portela e o da Vila Isabel, o da Tijuca não era considerado dos melhores, mas empolgou os componentes. Já o público, que foi à Sapucaí ávido pelas novidades de Barros, ficou sem entender direito o que faziam ali Xuxa, Pelé, Michael Jackson, D. João VI e a Rainha da Sucata, personagens que se repetiram em três carros. Segundo o carnavalesco, a "realeza" foi convidada para a coroação do "Rei Luiz do Sertão", que apareceu já na comissão de frente, e depois projetado no alto de um carro.

Na comissão, os integrantes apareceram vestidos de guias turísticos da "Gonzaga Tour" na "viagem arretada" pelo sertão se "transformando" em sanfonas.

Dois carros se destacaram pela beleza plástica: o de Mestre Vitalino, totalmente em cor de barro, que reproduzia uma casa de pau a pique perfeita até no cheiro, e o da Asa Branca, do qual "voavam" pássaros humanos de movimentos perfeitos. Foram a melhor tradução do estilo Paulo Barros na avenida.

A família Gonzaga estava representada por Rosinha, única filha de Gonzagão, e por Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha. "Quero agradecer ao meu pai. Poucos filhos têm a oportunidade de ver uma homenagem dessas", disse Rosinha antes do desfile.

Na concentração, Rosinha era ofuscada pela rainha de bateria, Gracyanne Barbosa, que beijava o marido, o pagodeiro Belo, para mostrar que eles não estão se separando, como foi noticiado. Ela brilhava mesmo vestida de assum preto, remissão ao clássico de Gonzagão. Só na sandália eram 15 mil cristais.

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