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Biscaia presta homenagens ao trash de diretores como Sam Raimi, Tarantino e Robert Rodriguez | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Biscaia presta homenagens ao trash de diretores como Sam Raimi, Tarantino e Robert Rodriguez| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Serviço

Saiba mais sobre a estreia do filme Morgue Story:

Sessões

Pré-estreia hoje, às 20h20, no Cineplex Batel. Em cartaz no Cineplus Jardim das Américas – Sala 1, às 23h30; e no Cineplex Batel – Sala 4, às 20h20. Classificação indicativa: 16 anos.

Distribuição

Distribuído pela recém-aberta empresa paranaense Moro Comunicação, o filme será exibido em salas comerciais de forma independente, graças ao prêmio que ganhou no festival Indie Brasil, em Belo Horizonte: um encode, ou seja, a codificação para o formato da Rain, empresa de distribuição digital.

Laboratório

Curitiba, primeira praça onde estreia, será uma espécie de laboratório para testar como o filme será recebido em outras cidades. "Dependemos somente da resposta do público. Se o borderô for bom, continuamos em cartaz por aqui", diz o diretor Paulo Biscaia.

Projetos

A Vigor Mortis se prepara para filmar quatro curtas baseados em contos de Edgar Alan Poe. "Quero experimentar mais linguagens e técnicas", diz Biscaia, apreciador profundo do autor norte-americano.

  • Em meio ao pânico e ao sangue, Ana Argento e Tom conversam sobre seus filmes preferidos

"Morrer é uma coisa que bagunça sua vida." A frase que extravasa humor negro, pronunciada pela personagem de Mariana Zanette em Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos (2009), com pré-estreia hoje no Cineplex Batel (confira o serviço completo), in­­dica o que o público pode esperar do longa-metragem do curitibano Paulo Biscaia Filho.

Diretor da companhia Vigor Mortis, Biscaia levou ao teatro um público novo ao criar peças repletas de humor negro, perversão e cultura pop. Uma das primeiras foi justamente a premiada Morgue Story, base do filme. Foi apresentada pela primeira vez em 2004 e nasceu como uma homenagem aos filmes de terror B a que o diretor assistia nos extintos Cine Vitória e Cine Plaza.

Quem assistiu à peça no minúsculo teatro Espaço 2 só faltou sentir os respingos de sangue do terror trash. O cenário é um necrotério, onde quem manda é um médico legista psicopata. E sangue é o que não falta nesta adaptação do espetáculo para as telas, viabilizada com pouquíssimo dinheiro – apenas R$ 126 mil dos R$ 250 mil destinados pelo Fundo Municipal de Cultura da Fundação Cultural de Curi­­tiba. "Esquecemos de incluir alguns pontos do orçamento no projeto e acabamos tendo de nos virar assim mesmo", conta o diretor.

Depois de ouvir de muita gente que a peça era tão cinematográfica que deveria virar filme, Biscaia e a Vigor Mortis decidiram inscrever o projeto no edital de 2007. Mas não havia qualquer expectativa de ganhar. "Aí ele foi aprovado, e tive que morder minha língua quando dizia que não queria fa­­zer o filme porque o interessante era justamente esse lugar crepuscular do espetáculo que ficava entre o teatro e o cinema ", conta.

A ocasião faz o ladrão

Com um teatro fortemente ligado às linguagens do teatro e dos quadrinhos, e cinéfilo dos mais enlouquecidos, porque só agora Biscaia decidiu fazer um filme? "Foi quando surgiu a ocasião. E acho que foi o tempo certo. Depois de fazer teatro, me senti mais seguro. Mes­­mo assim, a gente sempre tem me­­do", confessa o diretor.

Ele, no entanto, se precaveu ao planejar o filme nos mínimos detalhes. "Tenho o storyboard de cada sequência", conta. Reuniu ainda uma equipe de jovens cineastas que começam a despontar no cenário audiovisual, entre eles, dois dos cinco diretores do longa Circular, que acaba de ser filmado: Fábio Allon, que fez a direção de arte, e Bruno de Oliveira, assistente de direção.

As filmagens foram feitas em tempo recorde: 11 dias. "Roger Corman ia ficar orgulhoso de mim", brinca Bis­­caia, lembrando que o diretor, conhecido como o papa do cinema B, filmou A Pequena Loja de Horrores em apenas uma semana.

Manter o ótimo elenco original da peça é um dos trunfos do filme. Mariana Zanette é Ana Argento, a narradora da trama, uma bem-sucedida roteirista de histórias em quadrinhos com dificuldades em manter relacionamentos amorosos. Após tomar um Manhattan envenenado com toxina do peixe baiacu, ela vai parar no necrotério, onde conhece Tom, vivido por An­­der­­son Faganello, um vendedor de seguros cataléptico.

Ali trabalha seu algoz, o doutor Daniel Torres, interpretado de forma aterradora e bizarra por Leandro Daniel Colombo, um médico legista psicopata que estupra suas vítimas. "Daniel sabe traduzir muito bem o que escrevo, digo sempre que ele é uma versão melhorada ou mais apresentável de mim", diz Biscaia para assustar a repórter. O peso do vilão, que aparece em cena estuprando suas vítimas, é suavizado pelo humor grotesco do filme que, em alguma me­­dida, o aproxima do gênero "terrir" do carioca Ivan Cardoso.

O longa, que renova o gênero de terror trash no Brasil com uma linguagem moderna, já faturou prêmios em vários festivais de cinema, entre eles, melhor filme de horror no Swansea Bay Film Festival e no Heart of England Film Fes­­tival, ambos no Reino Unido, e melhor atriz no Buenos Aires Rojo Sangre, na Argen­­tina, para Mariana Zanette.

As reações do público nesses festivais, filmadas por Biscaia com uma câmera night shot, foram muito positivas. "As pessoas riam de cenas diferentes daquelas consideradas engraçadas aqui no Brasil", conta. A repercussão também tem sido das melhores, a julgar por um comentário da revista norte-americana Variety que chama a co­­média de "engenhosa" e com promessa de futuro brilhante.

O filme usa técnicas dos quadrinhos, como as telas divididas, e desenhos do quadrinista DW para simular as histórias contadas pelos personagens. Aliás: se Morgue Story já foi peça e agora filme, o próximo passo deve ser virar quadrinho. De fato. Biscaia conta que José Aguiar e DW, que costumam criar a linguagem gráfica das peças da companhia, preparam uma HQ com oito histórias baseadas nos personagens teatrais, entre eles, Ana Argento e o cataléptico. GGG

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