
Após seis meses de sua instituição, os cartões do Vale Cultura (no valor de R$ 50 mensais) já foram distribuídos a mais de 215 mil trabalhadores de todas as regiões do Brasil que recebem até cinco salários mínimos R$ 3.620. Ao todo, R$ 13,7 milhões já foram consumidos por meio do Vale e, desse valor, R$ 12 milhões foram utilizados para comprar livros, jornais, revistas e artigos de papelaria. Os dados foram divulgados ontem pela Ministra da Cultura Marta Suplicy, em evento na Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT/SP, em São Bernardo do Campo.
"Há um consumo muito maior de livros e revistas. O setor saiu muito na frente do cinema e do teatro. Quando começamos a falar do Vale Cultura, as editoras e a Livraria Saraiva já começaram a se preparar. E foram mesmo beneficiados", disse a ministra em conversa com o jornal O Estado de S. Paulo.
Em segundo lugar, aparece o setor cinematográfico, com R$ 1,2 milhão consumido, equivalente a 9,2% do total. Em seguida, com 1,3% e R$ 180 mil consumidos, está o comércio varejista de instrumentos musicais e acessórios. O setor musical, de venda de discos, CDs, DVDs e fitas, aparece em quarto lugar, com R$ 90,6 mil e 0,66%. "Os cinemas agora estão mais ágeis. Cadeias como o Cinemark e Kinoplex já entraram", contou Marta.
O teatro ficou em quinto lugar, com R$ 52,6 mil e 0,38% do total consumido. "O teatro, um dos setores que mais reivindicava o Vale, é o que está mais lento no processo. Muitos teatros não vendem ingressos por cartão e ainda não se apoderaram do benefício. Talvez estejam esperando o sistema ter mais musculatura. Se pensarmos em espetáculos mais caros, como um Rei Leão, é possível que reservem um dia para o Vale Cultura, por exemplo", sugeriu a ministra.
Marta apontou um dado que considera interessante: em um ano, um trabalhador recebe, por meio do Vale, R$ 600. "Com isso, neste período, pode-se consumir 40 sessões de cinema ou 35 peças de teatro, 28 livros, 50 entradas em eventos de arte e 12 shows musicais. É bastante. Isso muda a vida de uma pessoa".
A ministra pontuou que, sendo cumulativo, o benefício pode ser utilizado para pagar cursos e comprar produtos mais caros. "Os beneficiados estão comprando instrumentos musicais. Daqui a pouco vão fazer cursos de música, de artes. E vão investir em educação".
Os dados revelam ainda a proporção da distribuição demográfica do Vale Cultura. Entre as regiões brasileiras, o número de cartões se mantém superior no Sudeste, com 65%, seguido pelo Nordeste e Sul, que empatam com 11%. "É muito positivo haver equilíbrio no Sul e no Nordeste", salientou a ministra.
Por outro lado, Norte e Centro-Oeste têm apenas 7% e 5% da fatia, respectivamente. Para elevar a presença do benefício e a adesão das empresas, Marta avalia que é preciso um trabalho de convencimento. "Já estamos mais fortes do que o Vale Alimentação, quando foi lançado. Mas para realmente conseguirmos um incremento, é preciso colocar o benefício nos acordos de trabalho coletivos", analisou.
Por isso, o encontro de Marta com os representantes dos sindicatos de Metalúrgicos foi estratégico. "Com os bancários foi assim. Falei com Federação Brasileira de Bancos, com o sindicato da classe e eles, no acordo de aumento salarial, colocaram o Vale Cultura no pacote da negociação", contou Marta.
De acordo com a ministra, na reunião de ontem, estariam presentes somente os relações públicas dos sindicatos, mas a adesão de trabalhadores cresceu quando souberam que se tratava do Vale Cultura. " Os metalúrgicos descobriram o Vale. E isso é muito importante".
Crescimento
Segundo Marta, mesmo sem a participação dos metalúrgicos, já havia a previsão de aumento nos números do benefício no próximo semestre, pois estão cadastrados mais de 700 mil trabalhadores. Destes, somente 215 mil já têm o cartão. "As operadoras ainda estão demorando para mandar, e as empresas demorando para distribuir o cartão. É preciso agilizar o processo", declarou. A ministra salientou que o Vale tem potencial para atingir 5,1 milhões de empresas, e beneficiar até 42 milhões de trabalhadores. "Isso pode injetar na economia R$ 25 bilhões ao ano", frisou.



