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O setor de livros e revistas saiu na frente com o Vale Cultura: R$ 12 milhões foram gerados via benefício | Henry Milleo/Gazeta do Povo
O setor de livros e revistas saiu na frente com o Vale Cultura: R$ 12 milhões foram gerados via benefício| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Paraná

Com pouca adesão de empresas, programa patina no estado

Sandro Moser

Os números do Vale Cultura no Paraná ainda não são significativos. Segundo dados da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) apenas 356 empresas receberam o certificado de inscrição no programa, e estão habilitadas para emitir o cartão para os seus funcionários. A soma de todos os trabalhadores de empresas aptas a emitir o benefício no estado chega perto de 18 mil pessoas.

Um número tímido: de acordo com a Fiep há mais de 1 milhão de empresas constituídas no estado. A assessoria do Ministério da Cultura (MinC) não soube informar quantos cartões foram emitidos para o Paraná, e informou que a baixa adesão se deve ao fato de a medida ser "uma novidade, e não ser compulsória."

MON

O Museu Oscar Niemeyer (MON) aceita o pagamento de entradas com o cartão desde o início de junho de 2014. Segundo a assessoria de imprensa do museu, ainda não "há um levantamento de quantas pessoas usaram o vale para visitar o museu, pois a medida é muito recente".

Para a diretora cultural do MON, Estela Sandrini, o Vale Cultura é um acerto, pois "incentiva e estimula as pessoas a conhecerem os espaços culturais, e assim terem mais acesso à arte e à cultura".

O Vale Cultura é um cartão magnético de R$ 50 mensais para serem gastos em produtos e serviços culturais. Podem receber o benefício funcionários com carteira assinada, com prioridade para quem ganha até cinco salários mínimos. Para as empresas, a adesão é opcional, mas quem adota o programa pode deduzir até 1% do imposto de renda.

R$ 13,7 milhões

É o montante que o Vale Cultura movimentou em seis meses desde a sua instituição. O benefício de R$ 50 é concedido para trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos.

Após seis meses de sua instituição, os cartões do Vale Cultura (no valor de R$ 50 mensais) já foram distribuídos a mais de 215 mil trabalhadores de todas as regiões do Brasil que recebem até cinco salários mínimos – R$ 3.620. Ao todo, R$ 13,7 milhões já foram consumidos por meio do Vale – e, desse valor, R$ 12 milhões foram utilizados para comprar livros, jornais, revistas e artigos de papelaria. Os dados foram divulgados ontem pela Ministra da Cultura Marta Suplicy, em evento na Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT/SP, em São Bernardo do Campo.

"Há um consumo muito maior de livros e revistas. O setor saiu muito na frente do cinema e do teatro. Quando começamos a falar do Vale Cultura, as editoras e a Livraria Saraiva já começaram a se preparar. E foram mesmo beneficiados", disse a ministra em conversa com o jornal O Estado de S. Paulo.

Em segundo lugar, aparece o setor cinematográfico, com R$ 1,2 milhão consumido, equivalente a 9,2% do total. Em seguida, com 1,3% e R$ 180 mil consumidos, está o comércio varejista de instrumentos musicais e acessórios. O setor musical, de venda de discos, CDs, DVDs e fitas, aparece em quarto lugar, com R$ 90,6 mil e 0,66%. "Os cinemas agora estão mais ágeis. Cadeias como o Cinemark e Kinoplex já entraram", contou Marta.

O teatro ficou em quinto lugar, com R$ 52,6 mil e 0,38% do total consumido. "O teatro, um dos setores que mais reivindicava o Vale, é o que está mais lento no processo. Muitos teatros não vendem ingressos por cartão e ainda não se apoderaram do benefício. Talvez estejam esperando o sistema ter mais musculatura. Se pensarmos em espetáculos mais caros, como um Rei Leão, é possível que reservem um dia para o Vale Cultura, por exemplo", sugeriu a ministra.

Marta apontou um dado que considera interessante: em um ano, um trabalhador recebe, por meio do Vale, R$ 600. "Com isso, neste período, pode-se consumir 40 sessões de cinema ou 35 peças de teatro, 28 livros, 50 entradas em eventos de arte e 12 shows musicais. É bastante. Isso muda a vida de uma pessoa".

A ministra pontuou que, sendo cumulativo, o benefício pode ser utilizado para pagar cursos e comprar produtos mais caros. "Os beneficiados estão comprando instrumentos musicais. Daqui a pouco vão fazer cursos de música, de artes. E vão investir em educação".

Os dados revelam ainda a proporção da distribuição demográfica do Vale Cultura. Entre as regiões brasileiras, o número de cartões se mantém superior no Sudeste, com 65%, seguido pelo Nordeste e Sul, que empatam com 11%. "É muito positivo haver equilíbrio no Sul e no Nordeste", salientou a ministra.

Por outro lado, Norte e Centro-Oeste têm apenas 7% e 5% da fatia, respectivamente. Para elevar a presença do benefício e a adesão das empresas, Marta avalia que é preciso um trabalho de convencimento. "Já estamos mais fortes do que o Vale Alimentação, quando foi lançado. Mas para realmente conseguirmos um incremento, é preciso colocar o benefício nos acordos de trabalho coletivos", analisou.

Por isso, o encontro de Marta com os representantes dos sindicatos de Metalúrgicos foi estratégico. "Com os bancários foi assim. Falei com Federação Brasileira de Bancos, com o sindicato da classe e eles, no acordo de aumento salarial, colocaram o Vale Cultura no pacote da negociação", contou Marta.

De acordo com a ministra, na reunião de ontem, estariam presentes somente os relações públicas dos sindicatos, mas a adesão de trabalhadores cresceu quando souberam que se tratava do Vale Cultura. " Os metalúrgicos descobriram o Vale. E isso é muito importante".

Crescimento

Segundo Marta, mesmo sem a participação dos metalúrgicos, já havia a previsão de aumento nos números do benefício no próximo semestre, pois estão cadastrados mais de 700 mil trabalhadores. Destes, somente 215 mil já têm o cartão. "As operadoras ainda estão demorando para mandar, e as empresas demorando para distribuir o cartão. É preciso agilizar o processo", declarou. A ministra salientou que o Vale tem potencial para atingir 5,1 milhões de empresas, e beneficiar até 42 milhões de trabalhadores. "Isso pode injetar na economia R$ 25 bilhões ao ano", frisou.

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