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O poeta Charles Bukowski (1920 – 1994) é algo novo para leitores brasileiros. Mais conhecido por sua prosa – é autor de Cartas na Rua e Crônicas de um Amor Louco –, o escritor alemão radicado nos EUA foi um poeta prolixo, escrevendo mais de 20 volumes de poesia – alguns lançados postumamente. Em poemas, isso significa algo em torno dos 2 mil textos.

O mercado nacional se virava com apenas uma antologia e um ou outro poema traduzido em revistas literárias. Até Fernando Koproski abordar a editora 7Letras com a idéia que, mais tarde, daria origem ao livro com um dos títulos mais bukowskianos de que se tem notícia: Essa Loucura Roubada Que Não Desejo a Ninguém a Não Ser a Mim Mesmo Amém (256 págs., R$ 39).

O poeta curitibano, autor de Manual de Ver Nuvens e Pétalas, Pálpebras e Pressas, conheceu Bukowski no início dos anos 90, quando leu Cartas na Rua. Ficou impressionado com a pegada do texto, "do tipo pelo que não se passa indiferente". Entre 2000 e 2003, no curso de Letras da Universidade Federal do Paraná, desenvolveu o trabalho de pesquisa que serviu de conclusão ao bacharelado lendo tudo o que encontrou de e sobre o autor para, em seguida, traduzir dezenas de suas poesias.

Interessado no catálogo da 7Letras, ainda mais na coleção Rocinante, Koproski apresentou sua idéia (e traduções) à editora. Assim como Os 25 Melhores Poemas de Charles Bukowski, traduzidos por Jorge Wanderley e publicados pela Bertrand Brasil, Essa Loucura Roubada... é uma edição bilíngüe e encerra 45 poemas inéditos em português, inclusive "Como Ser um Grande Escritor" e "O Bluebird". O primeiro, objeto de culto para fãs. O segundo, citado em tudo o que é texto sobre os atributos poéticos daquele que se autoproclamava "velho safado".

A antologia, explica o tradutor, "é atenta ao que o leitor procura". Ele chegou a consultar a internet para ver quais os poemas ganhavam mais atenção dos fãs – e também da crítica especializada. O volume lançado pela 7Letras quer provar que Buk era poeta. Mesmo Koproski relutava em aceitar esse lado do escritor. O poema que o fez mudar de idéia é "Se Considerássemos" e está entre seus favoritos, bem ao lado de "Última Rodada".

"Sou um cara bem simples e quando escrevo poemas, eles são sobre coisas simples. E acho que é por isso que muitas pessoas que não conseguem ler muitos poetas, lêem as minhas coisas. Elas entendem o que estou dizendo", disse Bukowski em entrevista a Fernanda Pivano, citada na apresentação do livro.

Organizado em três temas, os poemas falam de amor (capítulo "Há um Lugar no Coração"), da relação do autor com a própria obra ("Este É Meu Piano") e da existência ("Como uma Lua Alta sobre a Impossibilidade"). Para Bukowski, a poesia permite fazer quase qualquer coisa, "de cumprimentar Mozart a atravessar as ruas da morte". Ele acreditava que a intensidade do poema se devia ao curto espaço que tinha para expor suas idéias. Daí sua poesia ser a maneira mais curta, bonita e explosiva de dizer o que queria.

Serviço: Lançamento do livro Essa Loucura Roubada Que Não Desejo a Ninguém a Não Ser a Mim Mesmo Amém, de Charles Bukowski (Tradução de Fernando Koproski. 7Letras, 256 págs., R$ 39). Bar Sal Grosso (Largo da Ordem, 59), (41) 3222-8286. Quinta-feira, dia 4, às 19 horas.

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