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Vittorio Gassman foi um dos nomes mais importantes do cinema italiano | Hugo Villalobos
Vittorio Gassman foi um dos nomes mais importantes do cinema italiano| Foto: Hugo Villalobos

Veneza - Coube ao grande Vittorio Gassman a honra de abrir a 67.ª Mostra Internazionale d’Arte Cinematografica ontem em Veneza. Não, não é bem assim. Coube à seleção oficial do festival a honra de exibir, em cópia restaurada, Perfume de Mulher, o original, aquela brava comédia dramática que Dino Risi dirigiu em 1974 e que deu a Gassman o prêmio de melhor ator em Cannes – guardadas as proporções, louve-se o trabalho de Al Pacino na refilmagem hollywoodiana de Martin Brest, em 1992. E, ainda ontem, foi exibido o documentário Vittorio Raconta Gassman – Una Vita da Mattatore, do cineasta Giancarlo Scarchili, que fechou impecavelmente a celebração paralela de um dos maiores talentos da arte de interpretar.

A competição oficial de Veneza 2010 será a rigor aberta hoje com o drama Black Swan, que marca a volta do diretor Darren Aronofsky à corrida pelo Leão de Ouro, dois anos depois de ter levado o prêmio por O Lutador.

Logo de entrada, o tapete vermelho veneziano garante boa dose de charme e capas de revistas, com os atores Natalie Portman, Vincent Cassel e Winona Ryder desfilando lado a lado. Há expectativa de um certo frisson na plateia também por conta do tema do filme, digamos, apimentado: a muito complexa relação entre duas bailarinas em conflito (Natalie e a novata Mila Kunis), tendo como backstage o balé clássico.

Falando em tapete vermelho, há muito tempo Veneza não recebe uma combinação tão forte entre desfile de celebridades e estreia de candidatos a celebridades, vale dizer, um bom número de jovens e promissores cineastas, autores de várias partes do mundo, entre eles o chileno Pablo Larrain, os norte-americanos Sofia Coppola e Vincent Gallo, o italiano Ascanio Celestino, o francês Antony Cordier e a grega Athina Rachel Tsangari.

Eles vão concorrer com no­­mes mais rodados em mostras internacionais e circuitos de arte, como Julian Schnabel, Michele Placido, Tran Anh Hung, François Ozon, Jerzy Skolimovski, Tsui Hark, Takashi Miike, Mario Martone, Abdellatif Kechiche, Monte Hellman, Tom Tykwer e Alex de La Iglesia.

Entre os astros de maior longevidade estão anunciados Dustin Hoffman, Vanessa Redgrave, Isabella Rosselini, Gérard Depardieu, Helen Mirren e Catherine Deneuve.

Embora o diretor da mostra, Marco Muller, tenha afirmado que a competição "está mais ágil e depois de muitos anos se abriu para a cinematografia da América Latina", esta abertura é muito tímida, admitindo apenas um título chileno (Post Mortem) e deixando de fora candidatos do Brasil e da Argentina, reconhecidamente os maiores e mais interessantes produtores continentais.

A única presença brasileira é o filme espanhol Lope, dirigido por Andrucha Waddington. A exibição, fora de concurso, aparece no catálogo escondida na última sexta-feira da programação, dia 10, numa sala pequena e em horário impróprio.

Ao todo, são 25 títulos em concurso (um deles é o filme-surpresa, prática habitual veneziana, revelado apenas no dia da exibição), representando 11 países. Para julgar este conjunto de títulos, um júri presidido por Quentin Tarantino e ainda formado por cineastas como Gabriele Salvatores e Guillermo Arriaga.

A mostra paralela Orizzonti, versão italiana do Un Certain Regard de Cannes, vem ganhando cada vez mais contornos de laboratório, uma aposta pessoal do curador Muller quanto a privilegiar as visões menos ortodoxas de realizadores de todas as partes do mundo.

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