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George Clooney interpreta um governador democrata em Tudo pelo Poder | Divulgação
George Clooney interpreta um governador democrata em Tudo pelo Poder| Foto: Divulgação

Tudo pelo Poder, sólido e instigante drama político escrito, dirigido e interpretado por George Clooney, abriu ontem em alto astral a seção competitiva da 68.ª Mostra Internazionale d’Arte Cinematografica de Veneza, na ilha do Lido. O ator e diretor volta a disputar o Leão de Ouro seis anos depois de selecionado com Boa Noite, e Boa Sorte, que saiu do evento italiano com prêmios de melhor ator (David Stratheirn) e roteiro.

Em sua primeira exibição mundial para quase dois mil jornalistas, Tudo pelo Poder – com lançamento brasileiro previsto para 21 de outubro – recebeu longos e merecidos aplausos, a seguir transferidos para a sala de coletivas. À exceção de Ryan Gosling, todo o elenco principal participou da primeira prova de fogo com a crítica internacional. Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Evan Rachel Wood e Marisa Tomei, além de Clooney, somente viram o filme à noite na sessão de gala, mas em pouco tempo entraram no clima positivo da plateia.

E nem era para menos. Tudo pelo Poder – cujo título original, The Ides of March, remete à dramaturgia shakespeareana de Júlio César (a frase do texto teatral menciona "cuidados com os idos de março", mês em que o ditador romano foi assassinado) – é uma jornada pessimista aos bastidores de uma pré-campanha à Presidência dos Estados Unidos, mais precisamente às decisivas primárias de Ohio – não por coincidência elas ocorrem no dia 15 de março, aniversário da morte de César.

Linha tênue

A narrativa transita numa zona difusa entre thriller político e análise psicológica, num limite muito tênue e no qual Clooney coloca seus pontos de vista sobre moralidade, idealismo e cidadania. É também um resumido, mas contundente glossário sobre a sedução do poder, que move os personagens sobre um tabuleiro de xadrez de perversidades rumo à vitoria. É quando se admite quebrar regras de tipos diversos, incluindo escândalos sexuais, traições, manipulações, negociatas, barganhas. Lá como aqui, as engrenagens também são movidas pelo sistemático esfacelamento da ética.

Clooney, reconhecidamente militante liberal, interpreta um governador democrata com pretensões à Casa Branca, e seu personagem é baseado na fracassada campanha presidencial de Howard Dean. Na coletiva, ele afirmou que a opção pelo partido foi exatamente evitar qualquer acusação de manipulação política. "De fato, meu plano original era fazer e lançar o filme em 2008, mas após a eleição de Barack Obama decidi deixar o projeto de lado até que as pessoas deixassem de ter esperanças e o cinismo estivesse de volta", disse ele. "O resultado dos primeiros testes de exibição para grupos foi que os republicanos odiaram a primeira parte e os democratas não gostaram da parte final. Assim, acho que fizemos a coisa certa."

Moral e ética

De qualquer maneira, o resultado pode ser definido mais como um tratado sobre moral e ética do que como uma declaração política de qualquer espécie.

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