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A Dama na Água, sétimo longa do diretor M. Night Shyamalan, não é tão ruim quanto andaram dizendo por aí. Boa parte da crítica chiou e o retorno de bilheteria foi apenas mediano. Mas, com uma boa dose de entrega, pode-se tirar muita coisa dessa fábula maluca que serviu de pivô para o rompimento entre o cineasta indo-americano e os estúdios Disney.

A parceria, iniciada no fim dos anos 90, rendeu uma seqüência de títulos de grande sucesso: O Sexo Sentido, Corpo Fechado, Sinais e A Vila. Juntos, os quatro lucraram cerca de US$ 1,5 bilhão. Nada mal para produções orçadas, em média, na casa dos US$ 70 milhões.

Tudo ia bem até que Shyamalan resolveu filmar A Dama na Água, cuja história ele já contava em casa, para embalar o sono das filhas pequenas. Os executivos da Disney ficaram apavorados. Não entenderam bulhufas da trama sobre um zelador que encontra uma ninfa mítica na piscina do condomínio em que trabalha. Sem muita conversa, mandaram o diretor tirar o cavalinho da chuva e apresentar outra proposta. Não importava se ele havia enchido seus cofres anteriormente. Era um projeto comercialmente arriscado, e ponto.

Shyamalan já estava farto da Disney, que insistia em divulgar cada novo trabalho seu como se fosse "o novo O Sexto Sentido". Voltou para casa (literalmente) chorando e logo tratou de vender seu passe para a Warner – que, mesmo com o fracasso de A Dama na Água, agora tem um dos cineastas mais quentes da atualidade em suas fileiras. A confusão até virou livro, O Homem que Ouvia Vozes – Ou Como M. Night Shyamalan Arriscou Sua Carreira num Conto de Fadas, escrito pelo diretor e um jornalista contratado.

Sobre o filme em si: o ótimo Paul Giamatti (Sideways, A Luta pela Esperança) é o tal zelador solitário que descobre uma ninfa das histórias infantis. A criatura (Bryce Dallas Howard, a menina cega de A Vila) precisa voltar para seu mundo de origem, mas é perseguida por seres malignos. Com a ajuda dos outros moradores do prédio (um microuniverso composto por representantes de todas as etnias), o improvável herói fará de tudo para ajudá-la, até encontrar a própria redenção.

Para Shyamalan, o ser humano perdeu a capacidade de usar a imaginação e encontrar soluções em conjunto. Por isso a presença mágica de uma ninfa, para inspirar essa gente tão perdida. Mas, a exemplo dos personagens do filme, só vai embarcar na história quem se dispuser a, como se diz por aí, viajar na maionese. A recompensa é uma interessante coleção de metáforas a ser decifrada. GG1/2

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