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Ensaios na região do Largo da Ordem e a leitura de textos de Leminski impregnaramo espetáculo Vida com cotidiano curitibano | Elenize Desgenizki/Divulgação
Ensaios na região do Largo da Ordem e a leitura de textos de Leminski impregnaramo espetáculo Vida com cotidiano curitibano| Foto: Elenize Desgenizki/Divulgação

Programe-se

Confira o serviço completo da peça "Vida" no Guia Gazeta do Povo

Curitiba? Nenhum dos quatro personagens exilados pronuncia o nome da cidade onde se encontram para uma apresentação musical, no espetáculo Vida (confira o serviço completo da peça), que estreia hoje pela Mostra Contemporânea do Festival de Curitiba. Mas volta e meia ouve-se uma alusão à capital onde o tempo é sempre assunto, ora chuvoso, ora abafado; os casacos têm de ser vestidos e despidos ao longo do dia; e programa de domingo é correr ao redor de um lago artificial no parque.

O diretor Márcio Abreu e os atores da Cia. Brasileira de Teatro (Nadja Naira, Giovana Soar, Ranieri Gonzalez e Rodrigo Ferrarini) se concentraram durante dois anos na obra de Paulo Leminski (1944-1989). Leram, inclusive, entrevistas com o escritor e ensaios publicados na revista Leite Quente, nos quais comentava a vida na maior cidade do Paraná.

Some-se a isso o fato de o grupo estar estabelecido em um prédio antigo do centro, avistando da janela de sua sala de ensaios o Largo da Ordem, os numerosos dias de chuva entre outubro e fevereiro, e o cotidiano do curitibano: por mais que não fosse o foco principal da montagem, impregnaram-na da cultura local, em suas manifestações mais prosaicas.

"Essa ideia do cotidiano é reflexo da experiência que tivemos com Suíte 1. Falar da mulher da padaria é algo que está muito no nosso repertório", reconhece Abreu. Para o diretor, porém, não há nada mais curitibano na peça do que a convivência improvável entre pessoas muito diferentes que vêm parar na cidade.

Não faltam, também, clichês verificáveis sobre o curitibano, como a dificuldade de dizer um bom dia cordial a um estranho no elevador. O silêncio, aliás, teria impressionado o músico André Abujamra, que assina a trilha sonora do espetáculo, ao se mudar de São Paulo para cá há quatro anos. "O Abu disse que o objetivo dele era fazer os curitibanos ficarem simpáticos", entrega Abreu.

Vida será apresentada até do­­mingo (21), às 21 horas, no Teatro José Maria Santos. A opção por um espaço convencional de encenação é uma tentativa de desviar do caminho mais pisado em direção a Paulo Leminski, ou seja, evitar se fixar na postura subversiva que fez parte de sua fama. "Eu não queria sublinhar essa característica da obra dele, seria parar na superfície", diz o diretor. Interessou-lhe mais o trato com a linguagem e temas como o diálogo e o astral.

Marcio Abreu fez questão do palco italiano e com cortina, mas a quarta parede que delimitaria a zona ilusória da encenação se quebra. Há a preocupação de não deslocar o espectador para um outro local ou tempo, como propunha o teatro aristotélico. Vez e outra os personagens chamam a atenção para o "estar aqui". "É uma tentativa de presentificar o momento do teatro", diz. O ápice disso é uma cena em que todo o teatro fica no escuro, chave para estabelecer uma situação real que reconcilie palco e plateia. (LR)

Serviço

Confira a programação completa do Festival de Curitiba. Acesse http://guia.gazetadopovo.com.br/teatro. Lei mais no blog Palco.

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