Villa-Lobos cirandeiro chega a Curitiba

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Heitor Villa-Lobos (1887-1959) era maestro, compositor e, sobretudo, pesquisador. Grande estudioso das relações entre a cultura popular e erudita, fez de seu raio teórico um instrumento para o entendimento de nossa própria música, das célebres bachianas brasileiras ao resgate das tradições indígenas (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo) .

Em 1929, por exemplo, ele compôs, para piano, Cirandas, conjunto de canções que remontam às cantigas de roda de origem portuguesa, entre elas "Terezinha de Jesus", "O Cravo Brigou com a Rosa" e "Nesta Rua, Nesta Rua...". Difícil imaginar uma criança que não conheça ao menos um desses temas, fincados na memória e identidade brasileira.

E é este apanhado musical, especialmente ligado ao universo infantil, que chega a Curitiba em Villa das Crianças. A peça, dirigida por Nélio Spréa e Levi Brandão, realiza uma série de seis espetáculos no Guairinha, sendo dois abertos ao público (sábado e domingo). "O Villa-Lobos tinha notas modernistas. Ele se apropriava das tradições nacionais e promovia encontros, fusões culturais", afirma Spréa.

Heranças

Apresentado pelo Quarteto de Cordas Pantalla e com a participação do percussionista Leandro Teixeira e do Coral Curumim, o musical conta ainda com um coro infantil e a participação da atriz Kátia Horn, que revive, em cena, situações típicas da infância do final do século 19.

"As cirandas, originalmente voltadas ao público adulto, foram utilizadas de forma pedagógica nas escolas. Elas cumpriam uma espécie de função social, de integração. Por isso, se popularizaram no Brasil. Além de tudo, sempre tiveram grande valor estético, o que chamou a atenção de Villa-Lobos", completa Spréa. A direção musical é de Cristine Marquardt.