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Pouco conhecido por estes lados, o diretor japonês Takashi Miike construiu, em pouco mais de 15 anos, uma cinematografia de mais de 70 filmes dirigidos, algo em torno de cinco por ano. Isso sem contar as codireções e os trabalhos como ator e produtor. Assim como em seus filmes, tudo em Miike é excessivo.

Em Morrer ou Viver, filme de 1999 que chega ao Brasil pela Europa Filmes, as principais obsessões de Miike estão presentes: máfia, polícia, droga, perversões sexuais e, é claro, muita violência. Na hipnótica seqüência inicial, que dura pouco mais de cinco minutos, o corpo de uma mulher é jogado do alto de um prédio; policiais espancam jovens no centro de uma cidade que, descobrimos depois, é Tóquio; mulheres fazem strip-tease para senhores suspeitos; um homem cheira uma carreira kilomêtrica de cocaína, enquanto outro se esbalda em grandes quantidades de comida; dois homens são assassinados em um banheiro, enquanto mantêm uma relação sexual; e um misterioso homem de capa preta distribui tiros com uma metralhadora entregue por um palhaço. O ritmo de videoclipe é interrompido para acompanhar a rotina do policial Jojima (Sho Aikawa), talvez o único honesto na cidade.

A labiríntica trama de Morrer ou Viver torna-se então mais sutil, mas nem por isso menos violenta. A sólida estrutura da máfia Yakuza é ameaçada pela chegada do chinês Ryuchi (Riki Takeuchi) e seu grupo, que estão dispostos a conquistar, pela força, o submundo nipônico. Jojima é atraído pela aparição de Ryuchi, e se lança na caça ao novo criminoso.

O que poderia se tornar um filme de máfia tradicional, se torna um interessante (e excessivo) experimento nas mãos de Miike. Se algumas vezes o filme pode escorregar para uma humanização forçada dos personagens, como a filha-doente-do-policial-bonzinho ou o irmão-do-mafioso-com-crise-de-consciência, o saldo de Morrer ou Viver é positivo. Destaque para a seqüencia final – o inevitável confronto entre Ryuchi e Jojima – uma grande provocação ao espectador.

As histórias repletas de brutalidade de Miike já conquistaram um público fiel, especialmente admiradores do cinema asiático de ultra-violência, que conta com diretores como o coreano Park Chan-wook (de Old Boy e do recém lançado Lady Vingança). Do outro lado do mundo, Quentin Tarantino releu essa estética da violência desde seus primeiros filmes – segundo a contracapa do DVD, o americano considera Miike "genial".

A Europa Filmes tem previsto para este ano mais quatro lançamentos do diretor japonês, começando por O Assassino e pela seqüência de Morrer ou Viver. GGG

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