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Em quatro horas de produção, a MTV Brasil fez, na noite desta quinta-feira (29), sua melhor premiação. O Vídeo Music Brasil não foi de um nome só - embora absolutamente rendida ao rock - e, valorizada por um roteiro esperto para um programa interminável, consagrou Pitty, CPM 22 e Autoramas.

Escolhida o "Ídolo MTV" e "Vocalista da Banda dos Sonhos", a roqueira baiana Pitty levou duas das três novas categorias desta edição. Os Autoramas, banda da cena alternativa carioca, recebeu o maior número de prêmuios na noite, dois deles em categorias técnicas pelo excelente filme de "Você sabe", que também laçou um cetro (o prêmio deste ano) de melhor clipe independente. O CPM 22 levou o "Melhor clipe de rock" e a escolha da audiência para clipe do ano.

Numa cerimônia absolutamente informal, com o ator Selton Mello à frente pela segunda vez, não faltaram a tradicional ironia da MTV, que terminou o programa propondo uma CPI do VMB; duplas inusitadas na entrega dos cetros, como Zeca Pagodinho e João Gordo; e muito humor, com sósias de figuraças como Zacarias, Ozzy Osbourne, O Máscara, Tim Maia e o Incrível Hulk espalhados pelos camarins, filmados a cada saída para os comerciais.

E rolou, evidentemente, muita, mas muita música. Aliás, cabe observar que depois de um longo - mas não exatamente tenebroso - inverno, a MTV ampliou a música em sua programação. A noite foi aberta pelo Rappa com a cansativa "Na frente do reto". Derick, do Sepultura, e Samuel Rosa, do Skunk, entregaram, em seguida, o "Melhor clipe de MPB", para Marcelo D2, pelo filme de "Maldição do samba". Bola no ar, o rapper-sambista abriu os trabalhos no quesito "frases sensacionais", o melhor da noite:

- Eu odeio MPB - disse ele, meio espantado. - Não sei o que tô fazendo aqui. Música popular pra mim é o samba.

E D2, que saiu de fininho com seu cetro. Os gaúchos do Cachorro Grande atacaram de "Você não sabe o que perdeu", com a transmissão retrô, em preto e branco, um dos muitos - ótimos - recursos que a emissora usou ao longo da noite. na seqüncia, o clipe de "Irreversível", do CPM 22, pintou como o melhor de rock do ano. Nando Reis fez o terceiro número da noite, que tinha, entre outras personalidades, Malu Mader na platéia, em sua primeira aparição pública após a delicada cirurgia que fez. Tudo lindo com ela.

Helião e Negra Li levaram o prêmio de melhor clipe de Rap. Gabriel O Pensador, o de Pop. A carioca Leela foi a revelação. A cantora da banda, Bianca Jhordão, subiu ao palco em seguida para fazer os vocais de apoio para o Ultraje, uma das muitas atrações oitentistas da jornada.Os Paralamas mostraram uma das faixas de seu novo disco e, depois, se juntaram a Dado -Villa Lobos e Dinho Ouro Preto para lembrar os tempos da Turma da Colina, de Brasília, e levar "Conexão Amazônica", de Renato Russo. Edgar Scandurra, do Ira!, ganhou seus primeiros prêmios VMB na carreira, e, escolhido melhor guitarrista, conduziu uma garotada roqueira, com Pitty nos vocais, num clássico dos Ramones.

Foi a Banda dos Sonhos. Também subiram ao palco os Titãs, que encerraram a festa com "Vossa Senhoria", um ataque virulento às maracutaias das seculares práticas políticas brasileiras.

A canção criou o link para a entrada do apresentador Cazé, terminada a premiação, ir buscar um culpado pelas muitas coisas inexplicadas na noite. A começar pela indicação de três clipes produzidos pela própria emissora na categoria "Performance ao vivo". A brincadeira rendeu e deixou bem claro que, na premiação, a única coisa sem explicação - e sem xenofobia - é a existência da categoria "Melhor Clipe Internacional". No meio daquela piração brazuca, criativa (com destaque para Marcos Mion imitando o dublador Pablo, do Sylvio Santos), cheia de personalidade, ficou sem sentido premiar "Systema of a Down". Decreptude precoce na emissora de 15 anos de idade.

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